O avanço dos cronogramas nacionais de eliminação progressiva dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) tem levado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), por meio da sua divisão de tecnologia OzonAction, a produzir uma série de materiais informativos sobre o uso seguro de fluidos alternativos.
Isso ocorre porque grande parte dos refrigerantes que vêm sendo adotados no mercado de refrigeração e ar condicionado possui características de toxicidade, inflamabilidade ou pressão muito diferentes das do R-22.
Por ser nocivo à camada de ozônio, esse HCFC sofrerá cortes cada vez mais drásticos em sua disponibilidade nos próximos anos, até sua erradicação total em 2040 por aqui – nos países desenvolvidos, sua eliminação já foi concluída.
Esse novo cenário tecnológico é uma resposta da indústria a pressões de ordem ambiental, como a emergência climática, e à demanda por maiores índices de eficiência energética, conforme salienta o engenheiro Mauro Mendonça, diretor comercial da Vulkan Lokring na América do Sul.
“Diante dessas mudanças, porém, questões de segurança precisam ser avaliadas cuidadosamente e consideradas sempre que sistemas de refrigeração e ar condicionado são instalados, reparados ou descomissionados”, afirma.
Leia também
- Consultor da ONU alerta:‘Vai faltar R-22 no mercado’
- Juntas Lokring caem no gosto dos instaladores de VRF
- Lokring viabiliza manutenção de geladeiras com R-600a em condomínios
“Em todo o mundo, muitos refrigeristas não estão familiarizados com algumas das propriedades dos novos fluidos frigoríficos, e é aí que entra o papel de atores como a ONU, governos, empresas e organizações do terceiro setor, principalmente no que tange à qualificação de mão de obra”, observa.
“As pressões de trabalho dos hidrofluorcarbonos (HFCs) R-410A e R-32, duas das alternativas mais comuns utilizadas em sistemas de ar condicionado, são notavelmente mais altas que as do R-22. E a pressão do dióxido de carbono (CO₂) é ainda mais alta do que a de qualquer opção fluorada”, exemplifica.
Entre esses gases alternativos, prossegue, “temos ainda produtos inflamáveis (A3) e levemente inflamáveis (A2L), incluindo o já mencionado R-32, assim como algumas hidrofluorolefinas (HFOs), como o R-1234yf, e os hidrocarbonetos (HCs), entre os quais o propano (R-290) e o isobutano (R-600a)”.
Especialistas do setor estimam que, atualmente, dos 90 mil supermercados em funcionamento no Brasil, 20% dos estabelecimentos possuem equipamentos com R-290. “E a maioria dos compressores das geladeiras instaladas nos lares brasileiros já opera com R-600a. Aliás, esse é um processo irreversível”, diz o executivo.
Segundo o Guia de Boas Práticas de Serviços em Sistemas com Fluidos Refrigerantes Inflamáveis, um dos diversos documentos do gênero publicados pelo Pnuma, a brasagem de tubos deve ser evitada em instalações que operam com gases desse tipo.
Para vedar essas tubulações, “o técnico de manutenção é fortemente aconselhado a não brasar o tubo, mas a usar [o sistema de união a frio] ‘Lokring’, que é seguro e confiável”, ressalta a publicação.
“Todos os refrigerantes inflamáveis devem ser manuseados com precauções e de acordo com as regulamentações nacionais, manuais de operação e/ou padrões de segurança. Os limites de carga estabelecidos pelos fabricantes devem sempre ser cumpridos à risca durante a manutenção”, alerta o documento.
Comments 2