Duas cientistas da agência aeroespacial norte-americana (Nasa) divulgaram um estudo comprovando que os níveis de substâncias químicas destruidoras de ozônio (SDOs) estão em declínio na atmosfera.
Pela primeira vez, há uma prova científica concreta de que o banimento global dos fluidos refrigerantes feitos com clorofluorcarbonos (CFCs) está funcionando.
A pesquisa, publicada na revista Geophysical Research Letters, revela que o esgotamento da camada de ozônio caiu cerca de 20% desde 2005.
“Vemos claramente que a concentração de cloro dos CFCs está decaindo na região do buraco da camada de ozônio. Em consequência disso, ocorre menos destruição de ozônio”, diz a pesquisadora Susan Strahan, que assina o estudo junto com a colega Anne R. Douglass.
Ambas se basearam em dados do Microwave Limb Sounder (MLS). A bordo do satélite Aura desde meados de 2004, este aparelho vem medindo continuamente a temperatura e uma série de substâncias químicas na estratosfera inferior relacionadas à camada de ozônio, ao efeito estufa e à mudança climática global.
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Recuperação gradual
Projeções estatísticas indicam que a ozonosfera antártica deverá se recuperar à medida que os CFCs abandonem a atmosfera. No entanto, sua reconstituição completa deverá levar décadas, uma vez que a camada de ozônio enfrenta outras ameaças.
“Os CFCs têm ciclos de vida entre 50 e 100 anos. Portanto, eles permanecem na atmosfera por um tempo muito longo”, lembra Anne Douglass.
“O buraco na camada de ozônio só deverá desaparecer por volta de 2060 ou 2080 e, mesmo assim, pode ser que ainda fique uma pequena falha”, prevê a cientista.
Em 1987, dois anos depois de o problema ambiental ter sido descoberto na Antártida, cerca de 150 países assinaram o Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, a fim de erradicar inteiramente a produção e o consumo de CFCs.
Ratificado em 1989, o pacto recebeu oito emendas, sendo a última em 2016, conhecida como Emenda de Kigali, que estabelece a eliminação dos hidrofluorcarbonos (HFCs) nas próximas décadas.
Atualmente, o acordo tem como signatários 196 países e a União Europeia, o que o torna o primeiro tratado universalmente ratificado na história das Nações Unidas