Com o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, condenada pelos especialistas, restam menos medidas para diminuir o risco de transmissão da covid-19 em locais fechados, mas elas existem.
Uma delas, bastante efetiva e pouco aplicada no contexto brasileiro, é a ventilação adequada dos ambientes, conforme destaca reportagem publicada pelo Jornal da USP na última sexta-feira (25).
O periódico da Universidade de São Paulo informa que estudo conduzido pela Fundação David Hume na região de Marche, na Itália, comparou dados de mais de 1.400 escolas e concluiu que a implementação de sistemas de ventilação mecânica controlada (VMC) em salas de aula reduziu em 82,5% o risco de infecção pelo Sars-CoV-2 entre os alunos.
A VMC é basicamente a utilização de exaustores de ar para forçar a troca de ar, e foi usada no contexto do hemisfério norte, onde as janelas ficam vedadas para manutenção do aquecimento em boa parte do ano.
Mas a medida pode ser adaptada para o contexto das escolas brasileiras, dizem especialistas. Janelas e portas abertas, e a colocação de ventiladores junto a elas, já teriam a capacidade de exercer o papel dos exaustores.
Contudo, mais que uma medida genérica, a prática teria de ser aplicada com medição quantitativa. As situações variam muito em cada escola, e é preciso medir se a ação já está sendo capaz de fazer uma boa troca de ar, defende Erick Sousa, pesquisador do Observatório Covid-19 BR e doutorando da Universidade Federal de Goiás (UFG).
- Abrava emite alerta sobre refrigerantes inflamáveis
- Inmetro suspende vendas de condicionadores de ar ineficientes
- Baixa qualificação aumenta riscos de acidentes no mercado de splits
Para isso, é necessário a utilização de medidores de CO₂, dispositivos relativamente simples e baratos e que já têm ampla utilização em alguns países. Inclusive, a Lei do PMOC, sancionada em 2018, cita o monitoramento com medidores de CO₂ como parte do Plano de Manutenção, Operação e Controle de sistemas de ar condicionado instalados em edifícios de uso coletivo.
Para ambientes que usam condicionadores de ar, como empresas, o sistema de exaustão deveria ser aplicado, e seria um grande reforço na prevenção do contágio.
“Mas aqui no Brasil essa questão foi deixada de lado, principalmente com o uso massivo de equipamentos do tipo split. Se a renovação de ar não foi contemplada no projeto, deixando para ser adaptada depois, ela anda na contramão da climatização, porque o ar colocado de fora no ambiente aquece a massa climatizada. E acaba consumindo mais energia”, explica o pesquisador. Também por isso, há pouco interesse de empresas e estabelecimentos em aplicar a norma, e tampouco há fiscalização.
Leia a reportagem completa do Jornal da USP neste link.