A adoção de fluidos refrigerantes de menor impacto climático e a melhoria da eficiência energética na indústria de refrigeração e ar condicionado podem evitar até 460 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito estufa (GEE) nas próximas quatro décadas.
Essa redução potencial — igual a cerca de oito anos de emissões globais em relação aos níveis de 2018 — é destacada em um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e da Agência Internacional de Energia (AIE).
De acordo com o documento, existem cerca de 3,6 bilhões de aparelhos de climatização e refrigeração em uso hoje em dia no mundo, e esse número está crescendo num ritmo de 10 novos equipamentos por segundo.
O relatório diz que, se a refrigeração for fornecida a todas as pessoas que precisam dela — e não apenas àqueles que podem pagar — , isso demandaria até 14 bilhões de aparelhos até 2050.
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O documento também exorta os países a compatibilizar a adoção de novos fluidos refrigerantes e a otimização de performance das máquinas com a implementação da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.
Os signatários do pacto climático concordam em reduzir a produção e o uso de hidrofluorcarbonos (HFCs) nas próximas décadas, com o propósito de evitar até 0,4 °C de aquecimento global até 2100.
“As nações devem fazer cortes maciços em suas emissões de GEE para seguir o caminho de limitar o aumento da temperatura global neste século a 1,5 °C. Isso é fundamental para minimizar os impactos desastrosos das mudanças climáticas”, diz Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma.
“Enquanto os países investem na recuperação de suas economias por causa da covid-19, todos têm a oportunidade de usar seus recursos com sabedoria para reduzir as mudanças climáticas, proteger a natureza e diminuir os riscos de mais pandemias. Uma refrigeração eficiente e ecológica pode ajudar a alcançar todos esses objetivos”, afirma.
Poupando energia e dinheiro
A AIE estima que dobrar a eficiência energética dos sistemas de ar condicionado até 2050 pode economizar até US$ 2,9 trilhões, reduzindo custos de geração, transmissão e distribuição de eletricidade.
O relatório ainda destaca a natureza essencial da refrigeração para manter comunidades saudáveis. Isso é sublinhado pela pandemia de covid-19, com os bloqueios obrigando as pessoas a ficar em casa por longos períodos de tempo — uma preocupação de saúde em muitos países quentes — e o eventual lançamento de vacinas sensíveis a temperaturas elevadas.
“À medida que os governos lançam enormes pacotes de estímulo à economia para lidar com os impactos econômicos e sociais da crise da covid-19, eles têm uma oportunidade única de acelerar o avanço da refrigeração eficiente e favorável ao clima”, reforça Fatih Birol, diretor executivo da AIE.
“Padrões mais altos de eficiência são uma das ferramentas mais eficazes que os governos têm para cumprir metas energéticas e ambientais. Ao melhorar a eficiência da refrigeração, os países podem reduzir a necessidade de construir novas usinas de energia, reduzir as emissões de dióxido de carbono e economizar dinheiro dos consumidores”, destaca.
A versão em inglês do relatório do Pnuma e da AIE pode ser baixada aqui.
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