A FluoRok, uma startup originada na Universidade de Oxford, anunciou o desenvolvimento de uma tecnologia que dispensa a necessidade de produção de ácido fluorídrico (HF) para a fabricação de fluorquímicos.
A inovadora metodologia para a síntese direta, segura e energeticamente eficiente de materiais fluorados de alto valor recebeu financiamento inicial de três milhões de libras (cerca de R$ 18 milhões) da Oxford Science Enterprises (OSE).
Avaliada em bilhões de libras, a OSE é uma companhia de investimento independente criada em 2015 com o objetivo de fundar e financiar empresas transformadoras por meio de sua parceria com a instituição de ensino da Inglaterra.
Atualmente, os fluorquímicos, incluindo os fluidos refrigerantes utilizados em sistemas de refrigeração e ar condicionado (AVAC-R), são produzidos a partir de um processo intensivo em energia que envolve a produção e o transporte de HF como um intermediário-chave.
Esse gás é produzido ao se adicionar ácido sulfúrico à fluorita em temperaturas entre 300 °C e 400 °C. Mas o HF resultante é altamente tóxico e corrosivo.
A tecnologia da FluoRok muda esse paradigma, permitindo, pela primeira vez, a eliminação da produção de HF para fabricar fluorquímicos diretamente a partir de minerais brutos ou fluxos de resíduos fluorados.
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Segundo a empresa, a solução disruptiva reduz a demanda energética, diminui as emissões de dióxido de carbono (CO2) e possibilita um progresso relevante rumo à neutralidade climática no setor.
Além disso, a segurança intrínseca do novo processo deve facilitar a relocalização da produção de fluorquímicos para o Reino Unido. Atualmente, grande parte da fabricação desses compostos está concentrada nos EUA, China e Japão.
Fundada em 2022 pela renomada especialista em fluoração Véronique Gouverneur e pelo professor Gabriele Pupo, a startup britânica aproveita décadas de pesquisas feitas nos laboratórios da universidade onde ambos trabalham.
“A FluoRok é uma revolução e esse novo investimento nos permite desenvolver e ampliar nossa tecnologia pioneira, expandir a equipe e dar um passo adiante no setor”, diz Pupo, lembrando que os fluorquímicos têm ampla aplicabilidade em diversas cadeias produtivas.
No AVAC-R, especificamente, embora o mundo esteja avançando na redução do uso de refrigerantes à base de hidrofluorcarbonos (HFCs), é provável que eles permaneçam conosco por mais 30 anos ou mais, juntamente com as hidrofluorolefinas (HFOs).
“Cerca de 20% dos remédios atualmente comercializados, muitos deles na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS), e aproximadamente 30% dos defensivos agrícolas, essenciais para nosso suprimento de alimentos, contêm átomos de flúor. As baterias de íons de lítio também dependem de moléculas fluoradas em seus eletrólitos”, salienta a startup.