Mais uma fase da flexibilização do isolamento social no Rio de Janeiro começou hoje (10), após as restrições impostas desde março por causa da pandemia de covid-19.
Nesta fase, chamada pela prefeitura da capital fluminense de 3B, foi ampliado o horário de funcionamento dos shoppings, que passou de 12h às 20h para 12h às 22h.
Assim como no Rio de Janeiro, em diversas cidades do País os shoppings começaram a reabrir em 11 de junho, com restrições de horário e nos serviços para evitar aglomerações.
Mas a transmissão do novo coronavírus (Sars-CoV-2) continua preocupando os especialistas e, em se tratando de ambientes fechados, o tratamento do ar interno se torna totalmente essencial.
Em protocolo divulgado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), um dos itens chama a atenção para a troca dos filtros do ar-condicionado. No entanto, esse é apenas um dos cuidados que devem ser tomados, de acordo com Rafael Dutra, engenheiro da Trane.
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“Neste momento, diversas medidas para garantir a qualidade do ar interno dos shoppings devem ser tomadas. A começar pela operação contínua do ar-condicionado, que deve ser mantido ligado até mesmo quando o local estiver fechado. Quanto mais tempo os equipamentos com renovação de ar ficarem ligados, menor a concentração de vírus no ar. Essa medida também evita a proliferação de fungos que podem afetar também os produtos”, alerta.
Dutra também afirma que os pontos de captação de ar externo e exaustão dos ambientes precisam ser corretamente avaliados por um engenheiro projetista de ar-condicionado. A intenção é ajustar o sistema para aumentar a captação de ar externo. Dessa forma, ocorre maior renovação do ar interior.
“O ajuste de maior captação de ar exterior é recomendado na situação em que estamos, mesmo que isso signifique gastos mais altos com energia. O sistema será mais exigido, porém, a circulação de ar renovado poderá reduzir a concentração do vírus nos ambientes, e esse é o principal objetivo do momento”, comenta Dutra.
Outro ponto importante destacado pelo engenheiro é o caminho que o ar interno percorre. Para o fluxo ser correto e o sistema ter eficiência, um projetista capacitado precisa avaliar a difusão de ar nos ambientes de modo que o fluxo do ar seja no sentido limpo-para-contaminado.
Em qualquer configuração, prossegue, é fundamental o embasamento em normas regulatórias e nas mais recentes recomendações divulgadas pela Ashrae e Anvisa.
Com o intuito de alcançar maior eficiência no combate aos vírus e bactérias, filtros de alta eficiência podem ser implementados apesar da implementação exigir muito do sistema, devido a pressão adicional exigida dos ventiladores. Tecnologias como filtros fotocatalíticos e lâmpadas UV podem ser aplicadas como complemento, uma vez que têm apresentado boa performance no combate de certos tipos de vírus.
Para fazer a manutenção, o técnico deve estar totalmente protegido – com proteção facial, luvas e roupa adequada. Existe alto risco de contato com o vírus no momento da troca dos filtros. Em tempos de pandemia, o monitoramento e manutenção do sistema deve ser feito com maior frequência, adaptando para a nova realidade.
Ajuste de temperatura e umidade
Variações de temperatura e umidade, ou mesmo manter esses parâmetros dentro de valores altos demais ou baixos demais para uma determinada ocupação pode ser prejudicial à saúde dos ocupantes.
Existem evidencias suficientes de que ambientes com umidade fora da faixa dos 40% a 60% provocam redução da capacidade de resposta imunológica dos indivíduos.
Como em todo sistema de ar condicionado não há uma temperatura pré-estabelecida única para qualquer tipo de ambiente, o projetista deve levar em consideração a ocupação e a atividade do local. Por exemplo, em academias, o ar não pode ser tão frio, já que as pessoas usam pouca roupa e fazem atividade física.
Nos shoppings, no entanto, as pessoas vão com mais vestimenta e a passeio. Também há de se levar em conta a temperatura do clima local. Tudo isso exige uma capacidade de controle de temperatura de forma dinâmica, exigindo que o sistema de controle do sistema de ar condicionado seja capaz de se adaptar e manter a temperatura dentro de um parâmetro definido.
Além da capacidade de controle de temperatura, é recomendável a capacidade de controle de umidade relativa. Esse tipo de controle não costuma ser comum em sistemas de climatização de conforto para ambientes comerciais.
“Contudo, como sabemos, esse tipo de controle é benéfico tanto à capacidade de resposta imunológica dos indivíduos como para a qualidade do ar interno em termos de proliferação de fungos”, salienta Dutra.
“Para tal, é necessária a interação com um consultor que possa indicar as modificações necessárias no sistema de controles do ar-condicionado”, acrescenta.
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