Em carta aberta às autoridades sanitárias, em especial a Organização Mundial de Saúde (OMS), 239 cientistas alertam, logo em seu título, que “é hora de enfrentar a transmissão aérea da covid-19”.
Embora ela não seja reconhecida pela OMS como uma doença infecciosa transmitida pelo ar, o risco de contágio aéreo não deve ser subestimado, dizem os especialistas.
Eles informam que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) também fica suspenso no ar por alguns minutos em aerossóis (microgotículas) que podem ser inalados por outras pessoas.
“Há evidências mais que suficientes para que se aplique o princípio da precaução”, afirmam os signatários da carta.
Uma das principais defensoras dessa tese, Lidia Morawska diz que “o problema não é se a transmissão pelo ar é uma via mais ou menos importante. A chave é onde”.
“Em lugares bem ventilados, isso não é um problema, uma vez que as microgotículas carregadas de vírus são eliminadas de forma rápida e eficiente. Mas se a ventilação não for eficiente, como em muitos lugares públicos cotidianos, essa poderia ser a rota principal de transmissão da doença”, explica.
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“A lavagem das mãos e a manutenção da distância social são as principais medidas recomendadas pela OMS para evitar a covid-19. Infelizmente, essas medidas não impedem a infecção por inalação de pequenas gotículas exaladas por uma pessoa infectada que pode percorrer uma distância de metros ou dezenas de metros no ar e transportar seu conteúdo viral”, adverte a especialista em saúde e qualidade do ar.
“A ciência explica os mecanismos dessa via de transporte e há evidências de que essa é uma rota significativa de infecção em ambientes fechados. Apesar disso, nenhum país ou autoridade considera a propagação aérea da covid-19 em seus regulamentos para evitar a transmissão de infecções nesses locais”, ressalta.
“Portanto, é extremamente importante que as autoridades nacionais reconheçam a realidade de que o vírus se espalha pelo ar e recomendem que sejam implementadas medidas de controle adequadas para impedir a disseminação do Sars-CoV-2, eliminando as gotículas carregadas de vírus do ar interior por ventilação”, acrescenta.
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