Após uma recontagem surpreendente de votos, a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC, na sigla em inglês) aprovou ontem (9) a emenda que altera a norma de segurança 60335-2-89, aumentando o limite de carga de fluidos refrigerantes inflamáveis em sistemas de refrigeração comercial independentes.
No mês passado, o projeto de revisão da norma (FDIS) foi derrotado por apenas um voto. Entre os 35 países participantes da votação, nove (25,7%) se posicionaram contra a mudança – para que a proposta fosse aprovada, os votos contrários não poderiam exceder 25%.
Entretanto, o voto negativo da Malásia acaba de ser descartado. O país não seguiu as regras da votação, ao não apresentar justificativa técnica fundamentando sua posição, segundo a IEC.
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Assim, o total de votos negativos caiu para oito (22,9%), o que tornou o resultado favorável a essa revisão aguardada com muita ansiedade por organizações ambientalistas e parte da indústria de refrigeração e ar condicionado (HVAC-R).
A alteração da norma 60335-2-89, que especifica os requisitos de segurança para aparelhos de refrigeração comercial com um compressor incorporado ou que sejam fornecidos em duas unidades para montagem como um único sistema, vinha sendo discutida desde 2014.
A mudança, agora finalmente ratificada, aumenta de 150 gramas para 500 g o limite de carga de fluidos altamente inflamáveis (A3) permitido nesses equipamentos. O limite de carga de refrigerantes de baixa inflamabilidade (A2 e A2L) também foi alterado, e subiu de 150 g para 1,2 quilo.
Na avaliação da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a decisão da IEC, que deve aumentar o uso de gases como o propano (R-290) e o isobutano (R-600a), representa um forte incentivo para o desenvolvimento de novas tecnologias para setor, inclusive no Brasil.
A Agência de Investigação Ambiental (EIA) também “está contente com esse avanço”, disse Clare Perry, líder de campanha climática da organização ambientalista britânica.
“A aplicação segura de refrigerantes inflamáveis como o propano é fundamental para a implementação efetiva de uma política global de redução de hidrofluorcarbonos (HFCs), conforme estabelecido pela Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal e pelo regulamento europeu relativo aos gases de efeito estufa fluorados”, salientou.