Originariamente idealizado para o reconhecimento da capacidade teórica e prática de técnicos dos mais diversos segmentos que aprenderam a profissão ao exercê-la, o Certificado por Competência acaba de entrar em um novo momento.
De acordo com a Portaria Nº 902 do Ministério da Educação, esse serviço agora só pode ser gratuito, estando a cargo da ”Rede Credencia”, composta por instituições consideradas pelo governo federal competentes e aparelhadas para fazer tal avaliação.
Dentre os objetivos para a mudança está a ”garantia de um processo considerado preciso, idôneo e transparente”, assinala uma das disposições gerais do instrumento legal, publicado em 9 de setembro.
Igualmente invocada pela Portaria é a verticalização, ou seja, “dar continuidade ao itinerário formativo e à elevação da escolaridade, a partir do reconhecimento de conhecimentos e competências profissionais”.
Repercussão
”O simples fato de que a oferta precisa ser gratuita já ajuda bastante, visto que era uma vergonha o que vinha acontecendo”, opina o professor Alexandre Fernando Santos, diretor da ETP – Escola Técnica Profissional, de Curitiba.
Segundo ele, as instituições federais possuem notória seriedade ”e, certamente, sem a fome do lucro, não devem sucumbir à pressão financeira para certificar alguém sem o devido valor”, analisa o educador e empresário, referindo-se a ”abusos praticados até aqui, muitos deles já investigados pela Polícia Federal”.
E aproveita para fazer um alerta a quem ainda pretenda pagar para ter facilitada uma certificação do gênero: ”não caia nessa, isso acabou”.
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Dignidade
Exemplo típico do perfil para o qual o “Certificado de Competência” foi criado, em 1996, no âmbito da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o técnico e empresário paulistano Eliel Pereira da Silva conquistou o seu passo a passo.
Aos 53 anos de idade, ele obteve em 2022 seu tão sonhado registro no CRT – Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo, ao comprovar os conhecimentos obtidos ao longo de quase quatro décadas de carreira.
Embora tenha tentado concluir um curso várias vezes, Eliel acabava tendo de desistir devido às muitas viagens de trabalho Brasil afora, frequentemente gerenciando equipes inteiras de grandes empresas de ar-condicionado.
Hoje, tanto ele quanto a empresa da qual é sócio, a Oliar Ar Condicionado, têm como especialidade os aparelhos VRF e não precisam mais recorrer a terceiros para assinar seus DRTs, PMOCs e projetos.
A aprovação de Eliel como Técnico em Refrigeração e Ar Condicionado foi feita pelo Centro de Qualificação Técnica (CQT) do Colégio Serrana Quatro, em Nova Friburgo (RJ).
Para não cair em roubada, ele antes verificou se a instituição estava na lista do CFT e também como andava sua reputação num mercado que, agora, tem tudo para passar por uma reviravolta moralizadora.
”Nós temos muitos profissionais bons que não puderam fazer um curso técnico ou faculdade, e a Certificação por Competência é uma oportunidade preciosa para dar um up na carreira, assim como eu fiz, já depois dos 50 anos”, conclui o inspirador Eliel.
A Portaria na íntegra: Clique Aqui