A restauração progressiva da camada de ozônio, resultado de uma ação global concertada para mitigar as emissões de substâncias que a agridem, tem se mostrado um exemplo inspirador na luta contra os desafios ambientais. É o que destaca um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado ontem (29/6).
O documento expõe os avanços na regeneração do “escudo” que protege a Terra contra a radiação solar ultravioleta (UV) e adverte que, embora o progresso seja evidente, os efeitos das mudanças climáticas poderiam potencialmente retardar essas conquistas.
A chave do sucesso da recuperação da camada de ozônio tem sido o Protocolo de Montreal, tratado ambiental global que resultou na eliminação de até 99% da produção e consumo de substâncias destruidoras de ozônio (SDOs), entre as quais clorofluorcarbonos (CFCs) e hidroclorofluorcarbonos (HCFCs).
Segundo a OMM, as lições aprendidas com o acordo podem ser aplicadas a outros desafios ambientais mundiais, demonstrando que ações globais coordenadas e eficazes são possíveis e podem levar a resultados positivos
A publicação atual é a primeira da OMM a apresentar dados sobre o ozônio estratosférico e a radiação UV, substituindo boletins anteriores focados especificamente na Antártida e no Ártico. A mudança na perspectiva desses relatórios demonstra um reconhecimento do alcance global dos desafios ambientais.
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Posicionada no alto da atmosfera, a camada de ozônio serve como um escudo, protegendo a Terra da maioria dos raios ultravioleta prejudiciais do sol. A manutenção de medições de alta qualidade é essencial para rastrear e compreender as mudanças na camada de ozônio, reforça o relatório da OMM.
A recuperação da camada de ozônio é um processo lento, mas há otimismo. A OMM prevê a total restauração da camada de ozônio nas próximas décadas. Dados de monitoramento de 2022 revelaram colunas de ozônio mais elevadas nos trópicos e subtrópicos, sendo menores em latitudes mais altas, especialmente no hemisfério sul.
O “buraco” na camada de ozônio sobre a Antártida, em 2022, teve início tardio e mostrou um tamanho e profundidade consideráveis em outubro e novembro. A OMM interpreta essas observações como indícios positivos de que a camada de ozônio está em processo de recuperação.
O relatório também aponta que a erupção vulcânica Hunga Tonga, em janeiro de 2022, a maior dos últimos 100 anos, teve impacto na estratosfera ao injetar gelo e vapor de água.
Aumentos de vapor de água e aerossóis nos vórtices polares podem resultar em mais nuvens estratosféricas polares nos próximos invernos, potencialmente causando maior destruição do ozônio e buracos de ozônio mais extensos e duradouros, informa o documento.