A refrigeração está sendo usada por pesquisadores para ajudar a combater a varroa. Essa espécie de ácaro parasita de tamanho milimétrico é suspeito de ser uma das causas da extinção em massa de abelhas em todo mundo, desastre ambiental que pode colocar o futuro da humanidade em xeque.
Os apicultores relatam o misterioso e repentino desaparecimento desse inseto polinizador desde o fim dos anos 1990. Conhecido como colapso de colônias, não se sabe ao certo as causas do fenômeno, mas os cientistas dizem que pesticidas, desmatamentos e infecções parasitárias estão entre elas.
Os ácaros varroa são pragas que enfraquecem o sistema imunológico das abelhas, transmitem vírus e sugam nutrientes. Infestações significativas levam colônias inteiras à morte, geralmente entre o fim do outono até o início da primavera, durante a “hibernação” delas, segundo especialistas da Universidade Estadual de Washington (WSU, em inglês), nos EUA.
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As abelhas não hibernam de verdade, mas mudam seu comportamento no inverno. As rainhas param de botar ovos e, portanto, nenhuma nova “ninhada” é criada nesse período.
Vários tratamentos estão disponíveis para uso contra os ácaros, mas, de acordo com Brandon Hopkins, professor assistente de entomologia e gerente do programa de abelhas da WSU, eles devem ser realizados em três ciclos durante 21 dias. Além disso, eles só são eficazes por três dias e matam o parasita só em abelhas adultas.
“Mas muitos ácaros vivem na colmeia, onde estão sob uma camada de cera que os tratamentos não podem tocar. Assim, as novas abelhas já nascem infestadas”, explica.
Abelhas refrigeradas
Em agosto passado, pesquisadores da WSU colocaram 200 colônias de abelhas sob armazenamento refrigerado. Essa é uma época em que as abelhas ainda estão ativas, mas terminaram de fazer mel para a estação, e não há culturas que exijam polinização. É também quando os apicultores normalmente fazem uma rodada de tratamentos contra ácaros.
Ao colocar colônias em refrigeradores, a rainha deixa de pôr novos ovos, o que impede a geração de prole. Quando as abelhas saem da refrigeração, não há “ninhada coberta”.
Nesse ponto, Hopkins e sua equipe aplicam um tratamento contra varroa nas abelhas adultas. Os resultados iniciais foram extremamente positivos. Pesquisadores descobriram uma média de cinco ácaros a cada 100 abelhas nas colônias de controle (não refrigeradas) um mês após o tratamento de três ciclos contra ácaros.
Já as colônias refrigeradas registraram uma média de 0,2 ácaro a cada 100 abelhas um mês após o tratamento único contra ácaros.
“Isso é uma diminuição significativa”, comemora Hopkins. “A refrigeração é cara, por isso precisamos trabalhar mais para provar que o custo vale a pena para os apicultores, mas estamos muito empolgados até agora”, ressalta.
Além disso, os níveis de infestação variaram tremendamente de colônia para colônia nas amostras de controle. Isso é por causa da dificuldade em tratar as colônias consistentemente ao longo de três ciclos. Já as colônias sob refrigeração apresentaram números estáveis de ácaros e com pouca variação.
“Os apicultores geralmente têm dois períodos de tempo – antes e depois da produção de mel – para fazer os tratamentos contra ácaros”, informa Hopkins.
Uma vez que as abelhas têm ácaros, a infestação aumenta durante os meses de polinização e produção de mel.
“Mas se elas puderem começar a polinização com um baixo número de ácaros, as abelhas serão mais saudáveis durante o período de produção de mel”, diz Hopkins, lembrando que uma quantidade significativa de varroa ataca as abelhas no período em que fazem mel.