A eficiência energética dos sistemas de refrigeração apresenta-se como uma questão de custo e sustentabilidade cada vez mais vital quando é necessário utilizar fluidos refrigerantes com um potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) abaixo de 300.
A afirmação é do gerente de desenvolvimento de negócios da Chemours no Reino Unido, Mark Hughes, e foi feita durante o CoolingCast, um podcast da revista britânica RAC Magazine.
Para ele, a transição para refrigerantes de baixo impacto climático na indústria de refrigeração e ar condicionado exigirá, inevitavelmente, novas formas de pensar a engenharia.
Segundo Hughes, está claro que o próximo estágio de inovação em termos de produto e desenvolvimento de sistemas precisará priorizar a eficiência operacional, assim como limitar ainda mais o GWP dos fluidos refrigerantes.
O gestor avaliou que haverá um benefício econômico e ambiental em pensar holisticamente o sistema, além do GWP específico de um produto, focando no funcionamento e componentes de refrigeração de forma mais ampla.
“Depois de alcançarmos um GWP abaixo de 300, tudo gira em torno da energia”, disse.
Ele argumentou que a busca por melhorias no desempenho da eficiência energética pode ter um impacto mais significativo na redução de carbono do que na diminuição das emissões diretas de gases de efeito estufa ao se obter níveis de GWP menores que 300.
Os comentários foram feitos no segundo episódio de uma série de três partes de um podcast focada em 15 anos de transformação de refrigeração comercial na Asda, uma das maiores empresas britânicas do ramo de supermercados.
Mark Hughes estava conversando com Brian Churchyard, gerente sênior de engenharia e sustentabilidade do supermercadista, sobre o trabalho em conjunto que realizaram com um grupo de fornecedores testando diferentes soluções, como refrigerantes à base de hidrofluorolefinas (HFOs) na rede de varejo, mais especificamente o Opteon XL40 (R-454A).
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Visto que as misturas à base de HFOs possuem um nível de GWP mais alto que o do dióxido de carbono (CO₂), o grupo de fornecedores se concentrou nos benefícios potenciais de usar o refrigerante com sistemas que poderiam reduzir a demanda geral de energia nos estabelecimentos.
Hughes disse que o foco na energia não apenas garantiria uma melhor performance ambiental, mas também reduziria os custos operacionais para o varejista.
“Falamos cada vez mais não sobre o GWP, mas sobre o aquecimento global. Em outras palavras, o que estava sendo lançado no meio ambiente por meio da energia utilizada para acionar o sistema. Então, muito trabalho teve que ser feito para contornar isso”, explicou.
Isso incluiu a revisão dos impactos de segurança da adoção de HFOs levemente inflamáveis (A2L) para garantir que a força de trabalho e os consumidores da Asda estivessem protegidos.
Segundo Hughes, a mistura “provou ser uma tecnologia segura sob esse ponto de vista e passou por um processo muito rigoroso” de homologação por parte da Asda.
Os testes de campo de um equipamento usando o Opteon XL40 começaram em 2018 como parte do trabalho contínuo do supermercado para testar várias tecnologias para seus estabelecimentos.
Um dos principais impulsionadores desse trabalho foi a regulamentação de gases de efeito estufa fluorados adotada a partir de 2014, legislação que agora está mais uma vez sob revisão, com a Comissão Europeia querendo implementar metas de redução gradual de produção e consumo de hidrofluorcarbonos (HFCs) ainda mais rígidas.
Os resultados de um ensaio realizado pela Asda em uma loja em Liverpool durante 12 semanas em 2021 mostraram que o novo sistema com Opteon XL40 consome entre 35% e 40% menos energia do que o antigo modelo com dióxido de carbono (R-744), que fora instalado havia mais de dez anos.
Segundo o varejista, a nova arquitetura de refrigeração com o fluido refrigerante A2L também apresentou redução de 94% em seu impacto climático total (TEWI), em comparação com o sistema descomissionado.
Os resultados da análise deverão ser estudados com atenção por especialistas, pois acredita-se que esta tenha sido primeira vez que um sistema transcrítico deu lugar a um com fluido A2L.
A instalação do sistema com Opteon XL40 também foi concluída com um custo significativamente menor do que a da versão com CO₂, incluindo todos os requisitos de segurança para uso de refrigerantes A2L, de acordo com a rede.