A indústria europeia especializada em componentes para refrigeração, ar condicionado e bombas de calor está em alerta, devido às propostas de proibição de substâncias per- e polifluoroalquiladas (PFAS) em análise pela pela agência de produtos químicos do bloco econômico (ECHA, na sigla em inglês).
A Asercom, associação que representa a cadeia produtiva na região, aponta que a substituição de produtos com PFAS que pode ser adotada por lá exigiria mudanças significativas nos projetos de máquinas e componentes.
Se aprovada, a medida, apresentada por Alemanha, Holanda, Noruega, Suécia e Dinamarca no início do ano, impactaria diretamente os fluidos refrigerantes mais comuns no mercado, como os hidrofluorcarbonos (HFCs) e as hidrofluorolefinas (HFOs), bem como os fluorpolímeros empregados em componentes críticos dos sistemas de refrigeração.
Esses componentes, que englobam desde juntas e sistemas de vedação até partes elétricas e revestimentos antidesgaste, são fundamentais para o bom funcionamento dos equipamentos modernos.
Para muitos especialistas, no entanto, a surpresa é o aviso da Asercom sobre os possíveis impactos também nos refrigerantes “naturais”.
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“A transição para essas alternativas depende cada vez mais dos fluorpolímeros, agora potencialmente limitados por essa proibição. Portanto, estamos pleiteando exclusões específicas para tais materiais”, salienta o presidente da entidade, Marco Masini.
Embora a indústria esteja ativamente em busca de alternativas colaborativas, soluções que mantenham a performance dos atuais componentes ainda são um desafio.
Heinz Juergensen, líder da equipe de especialistas em PFAS da Asercom, evidencia a complexidade do cenário. “Alterações nos projetos gerariam a necessidade de novos testes e avaliações, introduzindo uma variedade maior de componentes nas etapas de produção e instalação e potencialmente elevando riscos operacionais”, adverte.
A preocupação da indústria, segundo Juergensen, não é apenas adaptativa, mas também preventiva. “Estamos pedindo exceções na proibição proposta de PFAS para garantir a eficiência energética, especialmente considerando as características únicas dos fluorpolímeros e as regulamentações vigentes”, diz.
Ademais, a medida, ainda em estudo, pode redefinir padrões e práticas em todo o setor de climatização e refrigeração, com efeitos potenciais que vão além das fronteiras do continente.