A indústria de refrigeração e ar condicionado (AVAC-R) está prestes a ser o centro das atenções globais durante a COP28. Líderes mundiais reunidos no evento serão instados a assinar um pacto inovador que visa ampliar o acesso à climatização sustentável.
O compromisso é uma iniciativa ambiciosa que tem como objetivo reduzir as emissões de dióxido de carbono relacionadas ao setor em pelo menos 68% até 2050, em comparação com os níveis de 2022. Isso representaria uma economia significativa de 78 bilhões de toneladas de CO2e.
A cerimônia de lançamento do Pacto Global de Refrigeração (Global Cooling Pledge, em inglês) está agendada para terça-feira (5) durante a Conferência do Clima de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Esse acordo revolucionário levará os países a fazerem investimentos substanciais na adoção de tecnologias mais sustentáveis, segundo o Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente (Pnuma).
As medidas propostas incluem o estímulo à eficiência energética, o aprimoramento dos códigos de construção, o uso de soluções baseadas na natureza e a aceleração da redução dos hidrofluorcarbonos (HFCs) sempre que possível.
Além disso, o pacto visa melhorar o acesso à refrrgeração para a população, contribuindo assim para a mitigação do estresse térmico, possibilitando um ambiente de trabalho mais produtivo, reduzindo as perdas de alimentos e aprimorando a assistência médica.
Espera-se que essa iniciativa tenha um impacto positivo na vida de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, ao mesmo tempo em que resulta em enormes economias financeiras.
O Pacto Global de Refrigeração reconhece que o acesso às tecnologias do frio não é um luxo, especialmente em um mundo onde as mudanças climáticas causadas pela atividade humana têm levado a inúmeras mortes e doenças relacionadas ao calor extremo. Estima-se que um bilhão de pessoas enfrentem riscos imediatos devido à falta de acesso à refrigeração, com a maioria dessas pessoas vivendo na Ásia e na África.
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Uma estatística alarmante revela que mais de 1,5 milhão de pessoas perdem a vida a cada ano devido à falta de armazenamento refrigerado e transporte adequado para vacinas e alimentos destinados ao consumo humano. Além disso, cerca de 14% dos alimentos produzidos são perdidos antes de chegar aos consumidores, devido à falta de refrigeração adequada e cadeias de frio.
Vale ressaltar que a refrigeração convencional é responsável por até 7% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa (GEE). Se não forem tomadas medidas para reduzir essas emissões, espera-se que elas dobrem até 2030 e tripliquem até 2100.
Até 2050, a demanda por energia para resfriamento de espaços deve aumentar em impressionantes 300%, atingindo a marca de 6,2 mil terawatts-hora (TWh). Isso representa um desafio significativo para a capacidade projetada de energias renováveis do mundo.
As iniciativas para reduzir as emissões incluem transformar áreas urbanas em verdadeiras florestas urbanas, adotar telhados verdes, projetar edifícios com características passivas e baseadas na natureza, promover redes urbanas de refrigeração, desenvolver sistemas de ar condicionado mais eficientes e implementar soluções autonômas, como geladeiras movidas a energia solar.
Embora o Pacto Global de Refrigeração tenha recebido amplo apoio, relatos indicam que a Índia, uma das maiores economias em desenvolvimento do mundo, provavelmente não o assinará.
A questão do acesso à refrigeração sustentável continua a ser um tópico crucial para a comunidade global, e a COP28 desempenhará um papel fundamental na busca por soluções eficazes.