Após dois anos de pandemia, dificilmente 2022 poderia ser pior, uma realidade que se confirma ao se examinar os números acumulados pela economia brasileira neste último mês do ano.
Com uma perspectiva de até 3% de crescimento do Produto Interno Bruto – indicador que mede a soma do desempenho de todas as atividades desenvolvidas no País –, e uma inflação abaixo de 6%, em contraste aos 10,06% que marcaram o final de 2021, o quadro é bem melhor, realmente.
Nada mal, inclusive, em comparação ao resto do mundo, e mais alentador ainda para a indústria de aquecimento, ventilação, ar condicionado e refrigeração (AVAC-R), por ter sido o setor de serviços um dos mais incrementados, juntamente com a construção civil, importante cliente dos fabricantes e instaladores da área.
O pano de fundo disso tudo reside nos fatos de o brasileiro ter consumido mais e parte dos empregos perdidos, a partir de 2020, ter começado um processo de recuperação nos últimos 12 meses, à medida que o isolamento social foi se esvaziando.
E para 2023, o que podemos esperar?
O ano que marca as incertezas típicas de mais um início de governo na esfera federal indica traços de indefinição igualmente preocupantes lá fora, como a continuidade da guerra no leste europeu, inflação em alta nos Estados Unidos, crise energética na Europa e a ameaça permanente em que a covid se transformou mundo afora.
Internamente, o Boletim Focus do Banco Central, relatório semanal baseado na opinião de economistas de uma centena de instituições financeiras, já mostra que teremos uma rota diferente a percorrer a partir de janeiro próximo.
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A Selic, por exemplo, deve ficar abaixo dos 13,75% com que vai terminando 2022, pico que dificultou bastante o acesso ao crédito ao longo do ano, pois em março de 2021 essa taxa não passava dos 2%.
Referência para os juros praticados na economia brasileira, a Selic não deve exceder os 12% em 2023, segundo analistas do mercado, para quem o PIB deve se expandir em não mais que 0,79%.
Quanto ao dólar, preocupação permanente de quem importa ou exporta equipamentos ou matérias-primas, a estimativa dos economistas ouvidos pelo Bacen é uma cotação na casa dos R$ 5,26 no ano que se aproxima.
Previsões para o AVAC-R
A partir dos indicadores gerais da economia brasileira em mais uma virada de ano, o Departamento de Economia da Abrava divulgou um estudo adiantando o que o setor pode esperar de 2023.
Uma das primeiras expectativas da equipe responsável pelo trabalho é a de que as exportações de carnes resfriadas e congeladas aumentem, trazendo com isto um fôlego renovado para o setor de refrigeração industrial.
No segmento de ar condicionado, por sua vez, a análise aponta que projetistas, comerciantes, instaladores e profissionais de manutenção terão menos negócios pela frente, considerando-se uma estimativa mais modesta de crescimento, em relação aos mais de 12% de expansão registrados em 2022 para o segmento de sistemas centralizados, por exemplo.
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Já para o mercado residencial, os analistas da Abrava estimam uma queda ao redor de 20%, “mas devemos levar em conta que a base de comparação com 2021 é bastante elevada”, ressalva trecho do relatório que acompanha o estudo.
Ao mesmo tempo, a recuperação do poder de compra, via queda da inflação, começa a dar sinais positivos no comércio varejista, “especialmente nos supermercados, favorecendo os segmentos ligados à refrigeração comercial, que deverá apresentar ligeira recuperação em 2023”, ponderam os especialistas da Abrava.
No setor automotivo, por sua vez, o envelhecimento da frota e as dificuldades de acesso aos carros novos devem manter os negócios em alta, conforme chegamos a retratar em algumas reportagens este ano.
Bem, diante dessas informações e dicas sobre o ano que vai chegando, o negócio é o profissional do AVAC-R continuar fazendo sua parte, ou seja, investir em educação continuada, instrumentos de trabalho e aprimorar suas competências, opções sempre sábias para se aproveitar ao máximo as oportunidades que sempre surgem num segmento essencial como o nosso.
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