Tanto os pronunciamentos iniciais das autoridades, quanto as palestras realizadas na sequência mostraram a abrangência do tema deste ano: “Transformações Tecnológicas, Ambientais e o Futuro do AVACR: Um Panorama para a Próxima Geração de Profissionais”.
O presidente da ABRAVA e do SINDRATAR-SP, por exemplo, lembrou a imensa oferta de trabalho que os próximos anos continuarão reservando para quem não se contentar em ser apenas um “trocador de peças”, mas sim ter o desejo de se tornar um verdadeiro profissional do HVAC-R.
“Oito dos dez formandos daqui conseguem trabalhar na área, mas nem com o dobro do contingente atual de profissionais no mercado ele estaria saturado, haja vista as frequentes reclamações das empresas sobre falta de mão de obra no setor”, disse Pedro Evangelinus.
O atual presidente da Ashrae Brasil, Eduardo Yamada, pronunciou-se na mesma linha, ao frisar que a grande meta da entidade é justamente empoderar a força de trabalho, “algo no que o SENAI está de parabéns ao fazer, e por isso conta com nosso total incentivo”, acrescentou.
Fluidos Refrigerantes
O primeiro a falar na segunda etapa do evento foi Lucas Fugita, da Chemours, que representou a ABRAVA ao traçar um panorama dos esforços globais para reduzir as emissões de CO2 e o consumo de energia.
Nas mãos do refrigerista, segundo ele, encontra-se boa parte dessa responsabilidade, pois seu treinamento para atuar devidamente com os 213 fluidos refrigerantes hoje listados já é – e continuará sendo – fator decisivo para o sucesso dessa empreitada.
Os antes ‘3 R’, compostos por Recolhimento, Reciclagem e Regeneração de fluidos refrigerantes, hoje são 4R, face à importância do Retrofit para a substituição de fluidos refrigerantes como os HFCs, pelos de menor potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês), que devem também prevalecer nos novos sistemas, acrescentou o profissional.
Um dos grandes desafios para o HVAC-R, diante dessa nova realidade, é a adoção de boas práticas para trabalhar em segurança com essa nova geração de substâncias, pois elas possuem graus variáveis de inflamabilidade e toxicidade (de A1 a A3), passando pelas substâncias A2L (levemente inflamáveis).
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Tal missão torna-se facilitada pela gama de normas brasileiras e internacionais vigentes neste campo, assim como ferramentas e instrumentos de ponta assegurando que todas as variáveis de operações com esses fluidos sejam controladas com impressionante precisão.
Descarbonização
Concluindo a abertura da 11ª Semana Tecnológica de Refrigeração e Climatização SENAI ABRAVA, o Dr. Osvaldo Bueno, um dos mais renomados especialistas do HVAC-R nacional, abordou a razão de ser de tudo isso: o Efeito Estufa e a importância de se interromper esse processo.
Ele começou mencionando os ciclos climáticos de calor e frio que ocorrem ao longo de milhares de anos na Terra, mas que, desta vez, incluem uma inédita interferência humana dificultando qualquer previsão, frente a tanto CO2 emitido durante tanto tempo por todos nós.
Chama a atenção desde já, no entanto, a velocidade com que está se dando um processo normalmente de longuíssimo prazo, quando apenas fatores naturais, como a temperatura dos oceanos, as explosões solares, bem como a movimentação da Terra e demais planetas estão em jogo.
Tudo isso, segundo pesquisa do catedrático, nos colocou, a partir de 2022, no “Antropoceno”, ameaça de extinção que paira sobre o homem, a exemplo do ocorrido 200 milhões de anos atrás no “Triássico”, com os legendários dinossauros.
Mesmo assim, eles não desapareceram da noite para o dia, disse o professor, pois isso levou um milhão de anos, em função de poeira, escuridão e outras mazelas causadas pelo famoso asteroide, cujo ponto de choque os cientistas afirmam ter formado o Golfo do México.
Todo esforço que, não apenas o HVAC-R e seus profissionais, mas cada um em sua especialidade faça para evitar a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE) é portanto bem-vinda, concluiu o mestre, dando como exemplo dessa movimentação providências em andamento nos edifícios mundo afora.
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