O Observatório do Clima, rede de 56 organizações não governamentais (ONGs) e movimentos sociais, classificou como ‘insuficiente e imoral’ a nova meta voluntária de redução de emissões de carbono (NDC, na sigla em inglês) apresentada pelo Brasil no âmbito do Acordo de Paris.
Segundo um comunicado da entidade, “a redução de 43% nas emissões em 2030 não está em linha com nenhuma das metas do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 2 ºC ou a 1,5 ºC. Ela nos levaria a um mundo cerca de 3 ºC mais quente se todos os países tivessem a mesma ambição”.
“Num momento em que dezenas de países começam a aumentar significativamente a ambição de suas metas, em linha com novas recomendações da ciência, o Brasil oferece um esforço adicional de apenas 6%, que já estava proposto antes mesmo de o Acordo de Paris ser adotado. O mundo mudou, mas as metas do Brasil não”, acrescenta.
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A partir da versão do documento da NDC que circulou nesta terça-feira, também se conclui que “o Brasil tem a intenção de atingir a neutralidade em carbono em 2060, dez anos depois do anunciado pela maioria dos países do mundo, incluindo a China”, diz a nota.
“Em mais uma tentativa de chantagear países ricos”, prossegue a entidade, “o ministro do Meio Ambiente [Ricardo Salles] condicionou a antecipação da meta de 2060 ao pagamento de US$ 10 bilhões de dólares por ano ao Brasil a partir do ano que vem.”
Ontem (7), o Observatório do Clima lançou uma proposta de NDC para o Brasil compatível com as metas de Paris. Ela propõe um corte de 81% nas emissões em 2030 em relação a 2005 e o atingimento da neutralidade de carbono em 2050, em linha com o resto do mundo.