Todos os aparelhos de ar condicionado fabricados desde 1º de janeiro devem apresentar a nova etiqueta do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), após mudança da métrica de consumo desses equipamentos, que passou a levar em conta o índice de desempenho de refrigeração sazonal (IDRS) dos produtos.
Os eletrodomésticos agora precisam exibir para os consumidores o selo de classificação de A a F, duas letras a mais que na etiqueta antiga, sendo os de classificação A os mais eficientes.
As novas regras do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) seguem tendência mundial e, na prática, farão com que só sejam produzidos e importados ares-condicionados do tipo split com rotação variável.
Máquinas dotadas de inversores de frequência são mais eficientes do que aquelas que usam compressores de rotação fixa, e a métrica para medir a eficiência dos aparelhos precisava refletir isso, motivando a revisão da etiqueta, segundo a analista Danielle Assafin, responsável pelo PBE.
Dependendo da temperatura externa e do uso do aparelho pelo consumidor, o compressor vai alcançando velocidades distintas.
“E isso traz para o País uma brutal economia de energia. Em determinados casos, estudos de fabricantes mostram que a economia chega atingir 60% [nos aparelhos Inverter, em relação aos convencionais]”, disse.
O novo critério de avaliação de eficiência considera o consumo de energia do condicionador de ar e o hábito de consumo do brasileiro durante todo o ano. Pelo critério anterior, era feito apenas o teste em plena carga, mas agora mais pontos de testes foram adotados para que fosse possível capturar a performance sazonal.
Assim, foi adotada no cálculo uma quantidade de horas de uso mais condizente com a realidade dos consumidores. No critério anterior, considerava-se que o condicionador de ar funcionava apenas 30 horas por mês; agora passam a ser consideradas 2.080 horas de uso por ano, o que leva a um resultado de consumo de energia, mostrado em etiqueta, muito mais realista.
Segundo Assafin, o método de avalição do consumo em carga parcial permite que se calcule de maneira mais justa o quanto o compressor Inverter economiza de energia em relação a uma máquina on/off.
“A gente consegue medir de maneira mais precisa o consumo de energia do ar-condicionado, porque há mais informação de quantas horas o aparelho é usado no ano”, reforça.
Adaptação
O prazo para os fabricantes se adaptarem à nova norma era até 31 de dezembro do ano passado. Isso significa que só podem ser fabricados de aparelhos condicionadores de ar residenciais até 36 mil BTUs com a nova etiqueta.
Já os comerciantes terão prazo até 30 de junho de 2024 para se adaptar. Até lá, o consumidor vai conviver com as duas etiquetas de classificação dos produtos.
Danielle Assafin afirma que o consumidor deve sempre adquirir o produto de maior eficiência, que tem classificação A. O produto com tecnologia Inverter consome comprovadamente menos energia e, ainda que seja eventualmente mais caro que os demais, a diferença de preço pode ser compensada pela economia de energia durante o uso ao longo do tempo.
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“Quando há vários produtos com eficiência A, convém verificar outra informação na etiqueta, que é o consumo de energia”, aconselha.
No site do Inmetro, o consumidor pode consultar a tabela com todos os modelos e sua participação na nova etiqueta. As novas etiquetas dispõem de um QR Code para acessar a base de produtos registrados no órgão, o que permite ao consumidor consultar e comparar a eficiência energética dos equipamentos.
Apoio
A analista do Inmetro destacou o apoio recebido da Rede Kigali em todo o processo de revisão da etiqueta. Composta por várias instituições, a rede objetiva ajudar a mudar o perfil de consumo de energia dos aparelhos de ar condicionado no Brasil, para que se aproximem das práticas internacionais.
Para o coordenador da Rede Kigali, Rodolfo Gomes, a nova etiqueta traz avanços relevantes em relação ao modelo anterior, vigente há 14 anos, com a adoção de uma nova norma de desempenho de eficiência energética e novos índices de eficiência energética.
Rodolfo Gomes ressalta também a importância da mudança para o meio ambiente. Equipamentos mais eficientes ajudam não só a população a economizar na conta de luz como também a diminuir a quantidade de hidrofluorcarbonos (HFCs) de alto impacto climático utilizados no setor.