Dentre os que pensam assim está Fernando Spanhol, especialista em projetos de AVAC na área farmacêutica há quase 10 anos, para quem dominar as diferenças existentes entre calor latente e calor sensível pode fazer toda a diferença na realização de boas obras.
Conceito fundamental da termodinâmica, calor sensível – como o próprio nome diz – é definido pelo engenheiro como aquele diretamente ligado à variação de temperatura, e que pode ser medido com um termômetro. “Pense em segurar uma xícara de café quente, a sensação térmica que você experimenta é resultado do calor sensível”, exemplifica Spanhol.
Quanto ao calor latente, o profissional o define como “um mundo intrigante”, pois, ao contrário do calor sensível, ele não afeta diretamente a temperatura de um objeto. “Em vez disso, está associado a mudanças de fase, como a transição do sólido para o líquido (fusão) ou do líquido para o gasoso (vaporização)”, explica.
Por isso, essa transformação é considerada oculta, já que no seu transcurso as mudanças de temperatura são imperceptíveis. Um exemplo clássico disso é a fervura da água, durante a qual a temperatura permanece constante enquanto o calor é absorvido para transformar a água em vapor.
IMPORTÂNCIA & RISCOS
“Entender a diferença entre calor sensível e calor latente é essencial em várias áreas, desde a engenharia térmica até o design de sistemas de climatização. Conhecendo esses conceitos, podemos otimizar processos e tomar decisões mais precisas sobre o gerenciamento de energia”, ensina Fernando.
No entanto, a falta de familiaridade ou a negligência em relação ao tema, por parte de projetistas, instaladores e técnicos de manutenção em sistemas de AVAC, pode resultar em uma variedade de complicações e efeitos adversos significativos na eficácia e no desempenho do sistema. São eles, na avaliação de Fernando Spanhol:
Ineficiência Energética: O entendimento inadequado do calor sensível e latente pode levar a projetos que não otimizam a transferência de energia térmica. Isso pode resultar em sistemas que consomem mais energia do que o necessário para atender às demandas de resfriamento ou aquecimento;
Desconforto Térmico: A falta de consideração adequada do calor sensível e latente pode resultar em ambientes internos com temperaturas e umidades desconfortáveis, o que afeta; quase sempre acaba afetando negativamente o bem-estar dos ocupantes de uma edificação;
Ciclos de Compressores Ineficientes: O desconhecimento do calor latente pode levar a ciclos de compressores ineficientes, pois a capacidade de remoção de umidade corre o risco de não se otimizar, uma causa frequente de aumento do consumo de energia e redução da performance do sistema;
Problemas de Controle de Umidade: Se o projetista não considerar adequadamente o calor latente, o sistema pode não ser capaz de lidar eficientemente com a umidade do ar, dando origem com isso a ambientes excessivamente secos ou úmidos, e prejudicando o conforto e a qualidade do ar interior;
Desgaste Prematuro de Componentes: Instalações inadequadas devido à falta de compreensão do calor sensível e do calor latente podem levar a condições operacionais fora dos parâmetros ideais, resultando em consequências como desgaste prematuro de compressores, válvulas, trocadores de calor e outros componentes;
Aumento nos Custos de Operação e Manutenção: Sistemas que não foram projetados, instalados ou mantidos corretamente podem exigir mais manutenção e ter custos operacionais superiores, devido ao consumo excessivo de energia e ao desgaste acelerado de componentes.
“Por tudo isso, fica evidente o quanto é crucial que profissionais envolvidos em projetos, instalações e manutenção de sistemas de AVAC tenham um entendimento sólido sobre calor sensível e calor latente, garantindo assim qualidade e máxima vida útil dos sistemas em que atuem”, conclui Spanhol.