Os custos das mudanças climáticas para as cidades superaquecidas são pelo menos duas vezes maiores que para o restante do mundo, devido ao efeito da ilha de calor urbano, segundo revelam novas pesquisas.
O estudo de uma equipe internacional de economistas de todas as principais cidades do mundo é considerado o primeiro a quantificar o impacto combinado das mudanças climáticas globais e locais nas economias urbanas.
A análise de 1.692 cidades, publicada na revista Nature Climate Change, mostra que os custos econômicos totais das mudanças climáticas para as cidades neste século podem ser 2,6 vezes maiores quando os efeitos da ilha de calor são levados em conta.
Os pesquisadores afirmam que os custos para as cidades mais afetadas podem chegar a 10,9% do PIB até o final do século, em comparação com uma média global de 5,6%.
A ilha de calor urbano ocorre quando as superfícies naturais, como a vegetação e a água, são substituídas pelo concreto e pelo asfalto, e é exacerbada pelo calor dos carros, aparelhos de ar condicionado etc.
Calcula-se que este efeito deve adicionar 2 ºC ao aquecimento global estimado para as cidades mais populosas até 2050.
Resultados do estudo
“Mostramos que estratégias de adaptação ao nível urbano para limitar o aquecimento local têm benefícios econômicos importantes para quase todas as cidades ao redor do mundo”, informa Richard Tol MAE, professor de economia da Universidade de Sussex.
Também participaram do estudo pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México e da Universidade Vrije de Amsterdã.
A equipe de pesquisa realizou uma análise de custo-benefício de diferentes políticas locais para combater a ilha de calor urbano, como o uso de telhados verdes e de pavimentos claros projetados para refletir mais luz solar e absorver menos calor.
Além de economizar recursos, a conversão de 20% dos telhados de uma cidade e de metade de seus pavimentos para essas formas “frias” poderia reduzir a temperatura do ar em cerca de 0,8 ºC, dizem os cientistas.