Em vigor desde 28 de março, o lockdown em Xangai ocasionou congestionamento recorde de navios nos arredores do maior porto do mundo e acúmulo de contêineres com mercadorias destinadas à China e ao restante do mundo.
Como resultado, a medida para conter mais um surto de covid-19 tem provocado sérios atrasos na cadeia logística global, justamente quando o mundo se preparava para emergir da crise econômica causada pela pandemia – afinal de contas, o caos no transporte marítimo tem sido um dos grandes vilões da inflação mundial nos últimos tempos.
Apesar de não ter sido fechado com o lockdown, as restrições inflexíveis decretadas pelo governo de Pequim geram carência de trabalhadores no porto da maior cidade e capital econômica do país.
O mercado brasileiro de refrigeração e ar condicionado ainda não foi seriamente afetado pela situação caótica na Ásia, mas “se essas restrições se estenderem, poderá haver crise nas cadeias de abastecimento de fluidos refrigerantes e outros insumos”, alerta o gerente de marketing e desenvolvimento de negócios da Chemours na América Latina, Arthur Ngai, lembrando que, após um fim de semana sem anúncio de contaminações, Xangai registrou 58 novos casos de covid-19 ontem (2).
Por pouco mais de dois anos, as autoridades chinesas vêm conseguindo manter os surtos da doença sob controle, por meio de medidas polêmicas de confinamento e proibições de viagens, mas, particularmente, a propagação da variante ômicron tem sido um teste de fogo para a política de “covid zero” do país neste ano.
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“Por ora, os preços do cobre e dos fluorquímicos continuam estáveis no varejo, mas precisamos aguardar com atenção o que vai acontecer por lá nos próximos dias”, diz o empresário Paulo Neulaender, diretor da Frigga Refrigeração.
De acordo com professor Sérgio Eugênio da Silva, diretor da oficina e escola profissionalizante Super Ar, as previsões para as próximas semanas não são muito otimistas.
Para o empresário, o futuro incerto pode estimular as empresas a aumentarem seus estoques, movimento que pressionará a demanda por matérias-primas e o custo do transporte.
“As restrições sanitárias impostas pelo governo chinês paralisaram não apenas portos e fábricas, mas também o transporte rodoviário de cargas”, salienta. De fato, de acordo com algumas estimativas, houve uma queda de 20% no número de caminhões circulando em Xangai ultimamente.
“O lockdown na China abala diretamente a capacidade de produção dos fabricantes instalados lá, o que, somado aos atrasos na cadeia de suprimentos, acabará prejudicando a indústria de refrigeração e ar condicionado de uma forma ou de outra. Isso é inexorável”, avalia.