
Crescente no Brasil nos últimos seis anos, a exemplo do restante da América Latina, a locação de chillers e outros componentes para centrais de água gelada vem ocupando espaço cada vez maior no radar de nossas empresas.
Hospitais, shopping centers, polos petroquímicos, indústrias farmacêuticas, de alimentos e siderúrgicas, entre outras, lideram esse processo, tendo em vista o caráter estratégico da climatização em suas atividades.
Na Trane, por exemplo – um dos maiores players do HVAC aqui estabelecidos – o segmento Rental já ocupa posição de destaque em sua área de serviços, também composta por retrofit e manutenção. Em 2018, respondia por algo entre 8% e 10% dos resultados da divisão e atualmente está na casa dos 50%.
“Antes, poucos clientes imaginavam ser possível alugar um chiller para a montagem de uma central de água gelada temporária, opção recorrente há muito tempo na Europa e nos Estados Unidos”, constata Luiz Mendes, gerente de Rental da empresa no Brasil.
Mas esta cultura do uso, em detrimento da posse, estaria se expandindo também entre nós, na esteira da popularização, por exemplo, do aluguel de geradores elétricos, diante de apagões cada vez mais frequentes nas grandes cidades brasileiras.
No caso do ar-condicionado central, o grande acelerador dessa evolução têm sido as ondas de calor, igualmente recorrentes hoje em dia.
Arrancada
Há mais de 20 anos no HVAC, 14 deles vividos na área de rental e desde 2022 atuando em sua atual empresa, Mendes identifica no mercado brasileiro potencial considerável para essa alternativa, cuja curva ascendente iniciou-se em 2021, na avaliação do executivo.
“A partir daquele ano, ampliaram-se as aplicações e, consequentemente, os investimentos, missão facilitada – no caso de nossa companhia – pelo fato de ela também ser fabricante”, analisa.
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Resultado: com 85% da demanda por locações, o chiller desponta como líder nessa arrancada, que inclui ainda os fancoils e rooftops, porém em menor proporção.
“Imagine o sistema de um shopping center parado alguns dias, em pleno verão, ou ainda numa indústria de bebidas ou papel e celulose, assim como em qualquer outra que tenha no controle da temperatura aspecto crucial de sua qualidade”, exemplifica Luiz.
Locais de eventos também integram este rol de grandes usuários que não podem se dar ao luxo de ficar sem ar-condicionado enquanto um reparo ou substituição de máquina consome dias preciosos de sua operação.
“O foco deste trabalho é ajudar o cliente”, diz ele. “Já fechamos contrato à noite e, no dia seguinte, estávamos trabalhando no local”, orgulha-se.
“Temos hoje a maior frota de equipamentos de HVAC do Brasil e a distribuímos para o país inteiro, a partir de nossa base em Sorocaba (SP)”, acrescenta.
Além do aspecto emergencial desse tipo de serviço, Mendes lembra estar em alta a opção por contratos de grande duração, quando o cliente prefere a locação ao invés da compra, como já se faz no Brasil com visível desenvoltura em relação aos veículos automotores.
Quanto ao refrigerista que pretenda atuar neste mercado promissor, Mendes lembra que disponibilidade para viagens – caso sua empresa não possua técnicos residentes – é um dos pré-requisitos.
E claro, precisa ser daqueles profissionais que, além da agilidade, tenham por hábito resolver de primeira os problemas, pois retornar a campo para retrabalho nem sempre é viável nesse tipo de negócio.