Um dos elos mais importantes da cadeia do frio, o setor de armazenagem frigorificada é um grande consumidor de energia elétrica, uma vez que exige o uso constante de sistemas de refrigeração para conservação de produtos em temperaturas adequadas.
Além disso, a má operação das instalações frigoríficas pode gerar um impacto significativo no meio ambiente, especialmente devido ao uso de fluidos refrigerantes de alto potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês), caso da maioria dos hidrofluorcarbonos (HFCs) disponíveis hoje no mercado.
Em resposta a essa demanda, milhares de empresas mundo afora têm adotado o fluido refrigerante à base de hidrofluorolefina (HFO) Opteon XP40 (R-449A), considerado uma opção mais sustentável e eficiente aos fluidos refrigerantes tradicionais.
O R-404A, por exemplo, um dos fluidos refrigerantes mais utilizados em sistemas de refrigeração comercial atualmente, deverá ter seu consumo reduzido drasticamente nos próximos anos, em função da Emenda de Kigali ao Protocolo de Montreal.
Uma das principais vantagens da substância atóxica e não inflamável (A1) desenvolvida pela Chemours, indústria global líder do mercado de fluidos refrigerantes, é o GWP 67% menor que o do R-404A, de acordo com o Quinto Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Além disso, o Opteon XP40 é mais eficiente em termos energéticos, o que pode resultar em redução de até 12% no consumo de energia elétrica dos sistemas de refrigeração instalados em armazéns frigoríficos, supermercados, lojas de conveniência e outros estabelecimentos do gênero, segundo o fabricante.
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No caso específico da Jampac Alimentos, produtor e distribuidor de perecíveis do interior de São Paulo, o uso do Opteon XP40 em seu novo centro de distribuição, combinado com outras tecnologias mais modernas, proporcionou uma redução de 35% no consumo de energia, em comparação aos antigos sistemas on/off com R-404A utilizados pela empresa. Composto por quatro novos racks de compressores com degelo a gás quente, o sistema possui variadores de frequência, condensação flutuante e automação completa.
Em seu novo centro de distribuição, um prédio de seis mil metros quadrados inaugurado em janeiro na cidade de Itatiba, a 82 quilômetros da capital, a companhia também instalou 600 painéis fotovoltaicos no telhado. O sistema de geração distribuída, capaz de abastecer até 250 residências, supre com folga toda a necessidade do edifício, onde há três grandes câmaras frias e uma antecâmara, além de escritório comercial e espaço para armazenagem de produtos não refrigerados.
“A adoção dessas tecnologias sustentáveis tem colocado a Jampac em destaque no mercado de distribuição de alimentos”, diz o diretor-geral da empresa, Cláudio César Pessotto. “Afinal de contas, cada vez mais clientes buscam fornecedores que se preocupam não só com a qualidade dos produtos, mas também com a preservação do meio ambiente”, afirma.
Segundo o executivo, a busca por soluções para minimizar o impacto ambiental de suas operações iniciou-se há quase vinte anos, quando a empresa decidiu usar caminhões com diesel menos poluente para distribuição de alimentos.
Atualmente, a Jampac Alimentos utiliza uma frota de 70 veículos para atender cerca de 1,2 mil pontos de entrega em 170 cidades paulistas e distribuir diariamente cerca de 160 toneladas de frango, carnes bovina e suína, pescados e laticínios.
A eletrificação de parte da frota também está nos planos do distribuidor, que também utiliza energia solar em sua planta de abate de frangos em Itapira, a 165 quilômetros de São Paulo. “O mercado paulista de distribuição de alimentos é bastante exigente. Se você não conseguir trabalhar para entregar para o cliente aquilo que ele almeja, você está fora do setor”, salienta o executivo.
Fundada em 1998, a Jampac iniciou suas atividades fornecendo produtos do segmento avícola para o varejo. “Ao longo desses 25 anos, a empresa cresceu continuamente e diversificou seu portfólio, investindo bem forte na qualidade de armazenamento dos produtos, assim como em nossa frota de veículos frigorificados, para fazer chegar aos nossos clientes alimentos adequadamente preservados”, destaca Pessotto, lembrando que a Jampac atende, atualmente, 5,6 mil estabelecimentos, entre os quais bares, restaurantes, supermercados, hotéis e cozinhas industriais.
Qualidade e segurança alimentar em foco
A armazenagem frigorificada desempenha um papel fundamental na manutenção da qualidade e segurança dos alimentos perecíveis, garantindo que cheguem aos consumidores em condições adequadas e minimizando o risco de contaminação ou perda de produtos. Além disso, a refrigeração correta contribui para a manutenção do sabor, aroma, textura e valor nutricional dos alimentos.
“Por essa razão, esse é um processo crucial para a cadeia de abastecimento, desde a produção até a comercialização dos alimentos”, diz o engenheiro Amaral Gurgel, diretor da L. Monte e consultor técnico da Chemours responsável pelo projeto e instalação dos quatro sistemas de refrigeração com Opteon XP40 na Jampac Alimentos.
A indústria de armazenagem frigorificada também é responsável por garantir a conformidade com as normas e regulamentações de segurança alimentar. Esses padrões são estabelecidos por órgãos reguladores e certificadoras nacionais e internacionais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Internacional de Normalização (ISO).
“Empresas como a Jampac Alimentos, que investem em tecnologias sustentáveis e eficientes, além de cumprir as normas sanitárias, demonstram compromisso com a preservação do meio ambiente e a garantia da qualidade dos produtos que chegam à mesa dos consumidores. O setor tem o desafio de aliar a eficiência operacional à sustentabilidade e à segurança alimentar, contribuindo assim para um futuro mais saudável e consciente”, avalia o especialista de serviços técnicos e desenvolvimento de mercado na Chemours, Lucas Fugita.