Igualar o número de homens e mulheres em postos de liderança é um dos principais objetivos das companhias do setor de climatização e refrigeração comprometidas com políticas de recursos humanos inclusivas.
Essa louvável diretriz corporativa ficou evidente na última quarta-feira (5/12), durante a primeira edição do “Agora é que são elas – Mulheres no AVAC&R”, evento promovido para destacar a importância da crescente participação feminina nessa indústria.
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Organizado pelo Sindicato das Indústrias de Refrigeração, Aquecimento e Tratamento de Ar no Estado de São Paulo (Sindratar-SP) e pelo capítulo brasileiro da Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Ashrae Brasil), esse encontro inédito na América Latina foi dividido em dois painéis – “A presença feminina no setor de climatização e refrigeração” e “Qualificação profissional no mercado de trabalho”.
Após o último painel, ainda houve a entrega de um troféu comemorativo a 30 mulheres de destaque, entre as quais a técnica em refrigeração Carmosinda Santos, a professora Simone Balsamo (Senai-SP) e as empresárias Mary Moreira (Revista do Frio), Leylla Lisboa (Circuito Climatização) e Graciele Davince (Eletrofrigor).
Mão de obra feminina em ascensão
Um dos pontos fortes do encontro foi o testemunho dado por empresas expressivas da área, explicando as razões por estarem promovendo globalmente a maior inserção feminina em seus quadros, notadamente nos postos de comando.
A engenheira mecânica Patrícia Correa, líder da Rede de Empoderamento Feminino (WEN, em inglês) da Trane na América Latina, lembrou que a indústria possui um programa de valorização da mulher com a meta de equiparar, no médio prazo, a proporção de colaboradores de ambos os sexos.
Igualmente, a Chemours mostrou sua pretensão nesse sentido, por intermédio da coordenadora técnica de fluorquímicos da subsidiária brasileira, Joana Canozzi. Segundo ela, 70% da força de trabalho da empresa no Brasil já é feminina, devendo chegar à metade em nível global até 2030.
Com 56 mil membros espalhados por 187 países, a Ashrae caminha na mesma direção, garantiu o presidente do capítulo brasileiro da entidade, Bruno Martinez.
Para ele, é motivo de orgulho haver hoje uma presidente mundial na associação, Sheila J. Hayter. “Ela está vindo ao Brasil para ver o que acontece de diferente por aqui, pois 60% dos nossos grupos de estudantes são presididos por mulheres”, informou o engenheiro.
Em meio a todo esse clima, foi feito um anúncio pelo presidente da Federação Nacional dos Engenheiros Mecânicos Industriais (Fenemi), Marco Aurélio Candia Braga.
“Vai passar no plenário do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), na próxima reunião da entidade, que 23 de junho será oficialmente o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia”, afirmou, sob aplausos.
Agenda 2030
A diretora titular do Comitê de Responsabilidade Social da Fiesp, Gracia Fragalá, que representou na solenidade o presidente da casa, Paulo Skaf, enumerou os pontos principais dentre os muitos mencionados na Agenda 2030 da ONU envolvendo a questão feminina, como aval de 193 Estados-membros:
– Reconhecer e valorizar os trabalhos de assistência e doméstico, não remunerado, bem como a promoção da responsabilidade compartilhada dentro do lar e da família;
– Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para liderança em todos os níveis da tomada de decisão nas vidas política, econômica e pública; e
– Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas, em todos os níveis.
De acordo com a especialista, o caminho a ser percorrido rumo a todas essas conquistas é dos mais longos, mas trata-se de algo intimamente ligado à própria evolução econômica.
Só no caso brasileiro, para se ter uma ideia, ela estima em R$ 382 bilhões o volume de recursos injetados na economia, se as mulheres passassem a ganhar o mesmo que os homens em funções semelhantes.