Às vesperas da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), programada para ser realizada entre 31 de outubro e 12 de novembro em Glasgow, na Escócia, os países estão ampliando sua agenda econômica verde.
No fim de setembro, após decisão semelhante da China neste ano, a Índia ratificou um adendo relevante ao Protocolo de Montreal, negociado há cinco anos na capital de Ruanda.
O pacto climático global, conhecido como Emenda de Kigali, estabelece prazos para a eliminação progressiva dos hidrofluorcarbonos (HFCs), um conjunto de 19 fluorquímicos com alta capacidade de aquecer o planeta.
Agora, a Índia se uniu a outros 125 países na luta para erradicar esses gases de efeito estufa (GEE) usados extensivamente na indústria de refrigeração e ar condicionado, como o R-404A, um GEE quatro mil vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO₂).
Climatologistas estimam que a eliminação completa dos HFCs até 2050 em todo o mundo evitaria um aumento de cerca de 0,5 ºC nas temperaturas globais até o final deste século.
Espera-se que a eliminação gradual dos HFCs proporcione uma redução de quase 90% no aquecimento global resultante das emissões desses fluidos refrigerantes.
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Por isso, a Emenda de Kigali é vista como um dos avanços mais importantes nos esforços multilaterais para combater as mudanças climáticas, sendo considerada crucial para atingir a meta de não deixar a temperatura global subir 2 ºC desde o início da era industrial até o fim do século atual, um compromisso negociado no Acordo de Paris.
Segundo o relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), as temperaturas médias do planeta já subiram cerca de 1,1 ºC desde meados do século 19, devido às emissões de GEE por atividades humanas, notadamente o CO₂.
Conforme estabelecido na Emenda de Kigali, a Índia faz parte do grupo de países que deverá reduzir o uso de HFCs em 80% até o ano de 2047, enquanto os EUA, que estão na iminência de ratificar o acordo, e a China devem atingir a mesma meta até os anos de 2034 e 2045, respectivamente.
O governo indiano informou que vai elaborar uma estratégia nacional para a redução dos HFCs em “consulta com todas as partes interessadas da indústria” até 2023.
As autoridades disseram que as leis domésticas existentes que regem a implementação do Protocolo de Montreal seriam alteradas até meados de 2024 para facilitar a eliminação gradual, que deve começar somente após 2028.
Refrigeração mais eficiente
A ratificação da Emenda de Kigali pela Índia envia um forte sinal ao resto do mundo sobre seu compromisso climático, encorajando outros países a ratificarem o tratado e sinalizando para a indústria que o país continuará a ter uma forte demanda por equipamentos com refrigerantes de baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês).
Analistas acreditam que isso deve atrair mais investimentos, aumentando a competitividade da economia indiana. De maneira geral, os fabricantes e as partes interessadas concordam que a decisão da Índia ajudará a mudar o mercado de refrigerantes.
A ratificação da Emenda de Kigali também é mais um passo à frente nos compromissos da Índia com relação às mudanças climáticas e à refrigeração.
Em um país que já experimenta ondas de calor extremas, que provavelmente se intensificarão ainda mais, a refrigeração é uma necessidade absoluta.
Enfim, a ratificação da Emenda de Kigali demonstra que a Índia tem um plano para fornecer refrigeração eficiente para bilhões de pessoas, ao mesmo tempo em que busca levar em conta a necessidade de proteger o meio ambiente.