Nos últimos tempos, a crescente atenção sobre o comércio de fluidos frigoríficos de alto potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) na Europa vem revelando uma complexa teia de transações envolvendo fornecedores turcos e importadores romenos.
O protagonista da trama atual é uma respeitada empresa da Turquia que recentemente se encontrou em meio a um embaraço internacional, segundo reportagem publicada pelo site britânico Cooling Post.
A alfândega romena, numa operação de rotina, interceptou um carregamento de 1.140 cilindros de hidrofluorcarbonos (HFCs) destinados a uma firma do condado de Brasov, na histórica região da Transilvânia.
A remessa, composta por R-134a, R-407C e R-410A, originou-se da empresa turca e foi expedida pelo estrategicamente localizado Porto de Constanta.
Ao ser procurada pela reportagem do Cooling Post, a empresa confirmou a transação, detalhando que o negócio foi pactuado sob os termos ex-works, ou seja, um contrato no qual o vendedor disponibiliza a mercadoria em suas instalações, e o comprador assume todos os custos e riscos do transporte desde esse ponto até o destino.
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O pedido, segundo a companhia, foi colocado dois meses antes da apreensão da carga por um cliente em Brasov. Para tranquilizar seus parceiros comerciais e clientes, a empresa turca enfatizou a conformidade de todos os seus cilindros com o regulamento europeu sobre gases de efeito estufa fluorados (EU 517/2014).
Um porta-voz declarou que “nossa missão sempre foi e continuará sendo a de operar dentro da legalidade. Cada detalhe, desde o rótulo de nossos produtos até a documentação, é meticulosamente gerenciado”.
No entanto, o episódio lança luz sobre as vulnerabilidades do comércio internacional, com a empresa destacando sua incapacidade de verificar independentemente a regularidade de seus clientes no exterior.
“Não possuímos ferramentas ou autoridade para avaliar a validade das licenças [de importações] de outras empresas”, lamentou o porta-voz.
À medida que a União Europeia intensifica sua fiscalização e regulamentação no setor de refrigerantes, casos como esse evidenciam a necessidade de uma colaboração mais estreita entre as nações e de sistemas mais robustos de averiguação, a fim de proteger as empresas de boa-fé de potenciais armadilhas em seu ramo.