O conflito entre Rússia e Ucrânia fez o mundo todo refletir sobre a dependência do petróleo. Mesmo com a queda de 2% da commodity, após sinais positivos das negociações entre os dois países, as fontes renováveis tendem a ficar economicamente mais competitivas e os investidores falam da necessidade de acelerar essa transição da matriz energética para depender menos de questões pontuais.
Para Fabrício Hertz, CEO da Horus Smart Detections, empresa que desenvolve tecnologia de ponta para mapeamento aéreo, os impactos causados pela guerra já demonstraram essa alta dependência, e uma das saídas de médio e longo prazos é apostar na energia solar fotovoltaica.
Relatório da SolarPower Europe publicado em 2021 mostra que a capacidade de energia solar fotovoltaica global poderá superar dois terawatts (TW) ao final de 2025. Somente neste ano, conforme o cenário de referência, a capacidade global solar deverá superar os 1,1 TW.
Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), o Brasil ultrapassou a marca histórica de 12 gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia solar em usinas de grande porte e em sistemas de pequeno e médio portes instalados em telhados, fachadas e terrenos. A potência corresponde a 1,8 GW de energia firme, suficiente para abastecer quatro milhões de residências brasileiras com consumo médio de energia de 150 quilowatts-hora (KWh).
Essa fonte renovável também traz outros benefícios como a criação de novos empregos (420 mil ocupações no período), mais arrecadação de tributos (R$ 21 bilhões) e menor emissão de dióxido de carbono (19,6 milhões de toneladas evitadas). Nos últimos 10 anos, foram investidos mais de R$ 74,6 bilhões no setor privado, segundo Absolar.
Eficiência dos ativos
Hertz explica que, atualmente, atende um total de usinas que fornecem 40% do potencial solar instalado no Brasil. O executivo afirma que as companhias do setor solar dependem que seus ativos operem em sua capacidade máxima para obter o retorno financeiro.
Entretanto, para garantir a eficiência das placas solares, essas grandes companhias dependem de inspeções regulares, o que geralmente não são eficientes, possuem atividades de alto custo ou necessitam de operações complexas devido à sua grande dimensão territorial.
- Transportadora instala painéis solares em caminhões refrigerados
- Instalação de painéis fotovoltaicos em telhados dobra no País
- Armazém frigorífico investe em HFO e energia solar
Para evitar todo esse processo, geralmente demorado e manual, e que possui principalmente alto custo de mão de obra especializada, a startup desenvolveu uma tecnologia em que realiza esse monitoramento através de uma rede com mais de mil operadores de drones conectados a um sistema de algoritmos de inteligência artificial e uma plataforma em nuvem que recebe e organiza todas as informações coletadas. São essas ferramentas que irão apontar ao gestor, em um relatório gerencial, as medidas corretivas necessárias ou de manutenção.
“Neste primeiro trimestre de 2022, inspecionamos 30% da capacidade instalada de geração centralizada no Brasil, o que corresponde a 1.389 megawatts-pico (MWp) do total de 4,6 mil MWp. As inspeções são realizadas periodicamente a cada trimestre”, afirma Fabrício. A startup trabalha com três dos cinco maiores parques solares do país, que já se beneficiam do uso dessa tecnologia.
Conforme explica o diretor da empresa, Lucas Bastos, em 2021, a Horus inspecionou dois dos maiores complexos solares da América Latina visando o aumento da eficiência do sistema, o que causou impacto na ordem de R$ 20 milhões em energia que deixaria de ser produzida.
“O nosso papel é acelerar essa transição de matriz energética. Não adianta você ter grandes usinas solares e não conseguir garantir a eficiência delas”, diz o COO, que tem em sua carteira de clientes a usina solar São Gonçalo, a maior da América do Sul.
“Acreditamos que a tecnologia tem como papel principal acelerar e empoderar as pessoas na tomada de decisão. Com ela, somos capazes de decidir as melhores estratégias, de realizar planejamentos mais assertivos, reduzir custos e evitar erros catastróficos”, afirma Bastos.