O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou ontem (17) que pretende horizontalizar os impostos, acabando com isenções e subsídios fiscais.
O governo Bolsonaro quer cortar, inclusive, verbas do Sistema S, que devem sofrer redução em torno de 30%, podendo chegar a 50% do valor dos repasses.
Concebido na década de 1940 para promover capacitação de mão de obra, cultura e lazer para o trabalhador, o Sistema S é formado por Sesi, Senai, Sesc, Senac, Sebrae, Sescoop, Sest, Senat e Senar.
Ele é custeado pela contribuição das empresas e administrado pelas federações patronais, como Fiesp e Firjan, que recebem do governo federal uma espécie de “taxa de gestão”.
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“Tem que meter a faca no Sistema S. Vocês acham que a CUT [Central Única dos Trabalhadores] perde sindicatos e aqui continua tudo igual, com almoço bom?”, argumentou o economista durante evento empresarial na Firjan.
Impactos da medida
Segundo reportagem da agência Rádio Mais, a “facada” no Sistema S teria efeitos devastadores sobre programas de educação técnica e serviços de saúde prestados à população brasileira, que beneficiam, principalmente, jovens e trabalhadores de baixa renda.
No caso do Sesi e do Senai, mais de um milhão de estudantes ficariam sem opção de cursos de formação profissional e 18,4 mil funcionários das entidades perderiam o emprego. O próximo governo não divulgou plano para substituir serviços das entidades para a população.
“A proposta de cortes no Sistema S teria efeitos devastadores sobre instituições que funcionam e prestam serviços essenciais para jovens e trabalhadores brasileiros”, avaliou o diretor geral do Senai e superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi.
“Além de acabar com empregos de educadores, técnicos, especialistas e pesquisadores, se forem feitos, os cortes prejudicarão a educação, pesarão sobre a saúde e afetarão a economia do País como um todo”, acrescentou.
Com 2,3 milhões jovens matriculados, o Senai é a principal responsável pela formação técnica e profissional de jovens e trabalhadores brasileiros para vários setores da indústria.
Os cursos da instituição, dos quais 70% são gratuitos, são oferecidos em 541 escolas em todos os estados e no Distrito Federal. Segundo cálculos do Senai, 162 delas fechariam as portas com os eventuais cortes.
Procurada para se manifestar sobre o corte de verbas do Sistema S, a assessoria do presidente eleito da República, Jair Bolsonaro, não deu retorno às mensagens do Blog do Frio até o fechamento deste post.
Ouça, a seguir, reportagem da agência Rádio Mais sobre o assunto: