Teria mesmo de ser uma carreira marcante. Afinal, o hoje engenheiro mecânico, professor de MBA e executivo com quatro décadas somadas em duas das maiores empresas do AVAC-R mundial não esquentou lugar sequer na época de estagiário, pois em apenas um ano seria efetivado pela então Springer Carrier como inspetor de qualidade.
Quando saiu da empresa, já era diretor de operações das fábricas da companhia em Canoas (RS) e Manaus (AM), cargo hoje ocupado por ele na fábrica da Johnson Controls-Hitachi localizada na cidade paulista de São José dos Campos.
A vocação acadêmica também não tardaria a se manifestar com especial intensidade na vida de Gilsomar, pois em 1995 o profissional fundou, em parceria com o professor Paulo Otto Bayer, da PUC-RS, o curso de mecânico de climatização da Associação Sul Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Aquecimento e Ventilação (Asbrav). E até hoje ele leciona no curso de formação de líderes da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos).
Nessa sua escalada de estagiário a executivo e mestre, o inquieto gaúcho chegou aos 59 anos de idade no auge de sua capacidade intelectual e vontade mais que renovada de produzir, mantendo seu jeitão entusiasmado de falar do trabalho, mas também das duas filhas e do filho, que teve com seu outro amor eterno, a esposa e companheira de sempre.
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Diversidade e inclusão
Preto, nascido e residente no Brasil – o que dispensa maiores explicações – e às vésperas de se tornar oficialmente idoso, condição igualmente depreciada por outros preconceituosos de plantão, os chamados etaristas. Realmente, se existe um ‘tapa na cara’ sob medida para quem coloca aparências e chavões à frente de caráter, inteligência, competência e outros valores que realmente importam, este alguém é Gilsomar Silva.
Mas, por tudo que esse reconhecido profissional já viu e passou nesse campo, engenheiro se diz relativamente otimista. “Cada vez mais eu vejo as empresas focadas na implantação de projetos voltados à diversidade e inclusão”, diz ele.
Embora ache que a grande repercussão obtida atualmente na imprensa e redes sociais por episódios do gênero seja fator favorável à disseminação e combate a esse problema, ele teme apenas que o assunto acabe se banalizando, como acabou acontecendo em nosso país com tantas outras cicatrizes sociais igualmente graves.
De sua parte, porém, Silva reitera a disposição de continuar empenhado em aproveitar a visibilidade que possa obter em eventos e projetos relacionados ao assunto, a exemplo do que têm feito representantes de grupos tradicionalmente vítimas de discriminação no AVAC-R e outros setores.
“Quem chega a uma posição de destaque em algum segmento passa a ser referência, e essa condição precisa se reverter em benefício de pessoas que enfrentam as mesmas barreiras que nós superamos, porém, sem a mesma oportunidade que nós temos de nos pronunciar publicamente a respeito”, conclui Gilsomar.
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