Frigoríficos que utilizam amônia (R-717) como fluido refrigerante apresentam, geralmente, um perigo iminente para a saúde e segurança dos trabalhadores.
Afinal de contas, a substância é altamente tóxica e pode causar irritação na pele, olhos e vias respiratórias, além de ser potencialmente fatal em altas concentrações.
Por se tratar de um produto químico levemente inflamável, ainda pode causar incêndios e explosões, se houver grande volume de vazamento ou for manuseado incorretamente.
“De maneira geral, os desastres humanos de natureza tecnológica envolvendo o R-717 são tragédias evitáveis que resultam da falha de sistemas que o utilizam”, diz o professor de refrigeração Anderson Oliveira, da escola profissionalizante paulistana Intac Treinamentos.
E são justamente nas instalações frigoríficas sem um plano de manutenção, operação e controle rigoroso que podem ocorrer vazamentos, colocando os trabalhadores e moradores do entorno em risco.
A falta de medidas de segurança adequadas, tais como treinamento e equipamentos de proteção individual (EPIs), também contribui para o alto risco enfrentado pelos operários.
“É importante que os frigoríficos adotem medidas de segurança rígidas e garantam que seus funcionários estejam protegidos contra os perigos da amônia. Isso inclui treinamento constante, inspeções periódicas das instalações e EPIs”, explica.
Segundo o docente, “é inegável que o R-717 oferece uma série de vantagens únicas para instalações frigoríficas, como eficiência energética, baixa pressão de vapor, nenhuma pegada de carbono e ampla disponibilidade”.
“A amônia é um dos fluidos refrigerantes mais eficientes que existe, o que significa que ela ajuda a reduzir os custos de energia”, reforça.
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“Mas é preciso ter muito cuidado, algo que muitas empresas não têm. E isso acaba virando uma bomba-relógio para os trabalhadores”, alerta.
Todos os anos, os vazamentos de amônia fazem inúmeras vítimas no Brasil e no restante do mundo, causando sequelas irreparáveis, além de muitas mortes.
Um dos acidentes recentes mais dramáticos ocorreu num frigorífico em Rio Verde (GO), em 18 de setembro do ano passado, quando um vazamento causou a morte de um funcionário terceirizado e intoxicou outros 12 trabalhadores, deixando um deles com múltiplas queimaduras.
Outro caso mais recente ocorreu em 24 de janeiro em um frigorífico de Jundiaí (SP), onde 18 funcionários foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros. As vítimas apresentaram sintomas como tontura, dificuldade para respirar e nervosismo após o rompimento de uma tubulação.
No mesmo frigorífico, também já havia ocorrido outro acidente desse mesmo tipo nove dias antes.