A substituição dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) em instalações frigoríficas impulsionará a demanda por lubrificantes de base sintética no mercado brasileiro nos próximos anos.
Gradualmente, as importações do R-22 – fluido refrigerante mais utilizado no País hoje – vêm sendo reduzidas, devido ao Protocolo de Montreal, tratado internacional que controla o uso de substâncias nocivas ao clima do planeta.
Em função desse cenário, muitos supermercadistas e outros usuários de sistemas de refrigeração e ar condicionado investem em sua atualização tecnológica ou na compra de novos equipamentos para operar com gases mais ecológicos.
Essa transição mexe diretamente com o mercado de lubrificantes, uma vez que, no mundo todo, as novas gerações de compressores não são mais desenvolvidas para funcionar com óleo mineral. Entram em cena, então, os óleos sintéticos.
De acordo com a literatura técnica do setor, eles foram criados, originalmente, para resolver os problemas de miscibilidade dos óleos minerais usados em sistemas com R-22 e R-502.
Os lubrificantes sintéticos superam alguns problemas associados aos óleos minerais, incluindo a precipitação de cera, a limitada miscibilidade com alguns refrigerantes, carbonização e degradação dos elastômeros, gaxetas e selos.
Esses óleos também melhoram a estabilidade a temperatura alta e a lubrificação, assim como apresentam melhores atributos de viscosidade-temperatura quando diluídos pelos refrigerantes.
“De maneira geral, a grande maioria dos refrigeristas ainda só conhece o óleo mineral e acredita que ele é o produto recomendado para todas as aplicações”, alerta o engenheiro químico Paulo Frare, gerente-geral da Shrieve Química do Brasil.
Orientações técnicas
Segundo o departamento técnico da companhia, os profissionais do setor precisam prestar muita atenção às especificações do lubrificante recomendado pelo fabricante do compressor, avaliando sempre o modelo do equipamento e o tipo de fluido refrigerante utilizado, a fim de verificar a compatibilidade do óleo com ambos.
Outro item fundamental a ser levado em conta pelos refrigeristas é a origem do lubrificante. “Também é importante saber a história de seu fabricante, atuação internacional e se o produto possui certificações”, recomenda Frare.
“São informações simples, objetivas e públicas, que facilitam a classificação do padrão de qualidade de cada marca disponível no mercado”, acrescenta.
De acordo com a área técnica da Shrieve, seguir as orientações das indústrias também proporciona diversos ganhos, como miscibilidade excelente, estabilidade térmica e hidrolítica, baixa formação de espuma, baixo ponto de floculação e proteção contra o desgaste.
Em âmbito global, o setor tem pesquisado e desenvolvido produtos de alto desempenho, ambientalmente corretos e energicamente eficientes. Isso resultou em três famílias de óleos sintéticos disponíveis para o segmento de climatização e refrigeração: alquilbenzeno (AB), polialquileno glicol (PAG) e poliol éster (POE).
Enfim, os novos desenvolvimentos trouxeram ao mercado produtos cada vez mais adequados aos novos modelos de compressores e gases refrigerantes, melhorando a performance, a eficiência e a vida útil dos equipamentos.