Desde 2012, a quantidade de divisões estudantis da Associação Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar Condicionado (Ashrae) no Brasil saltou de zero para seis, com previsão de outras ainda por vir. Durante este mesmo período, o número de membros estudantes da entidade no País aumentou de 19 para 89.
Durante seu discurso final como presidente da associação na Conferência Anual de 2017, em Long Beach, Califórnia, Tim Wentz, que ficou no cargo na gestão 2016-2017, deu o crédito desse maior envolvimento estudantil no País a um membro: Walter Lenzi, profissional com certificação em gestão de processo de comissionamento e presidente de atividades estudantis do capítulo brasileiro da entidade.
Lenzi, por sua vez, atribuiu o aumento na participação de estudantes de engenharia ao trabalho duro deles próprios e de outros membros da 12ª Região da Ashrae.
“Nos demos conta de que o número de membros estudantes precisa crescer porque eles são o futuro da associação”, disse Lenzi, em entrevista ao site da Ashrae.
“Houve alguns trainees de nossa empresa que estavam muito interessados na Ashrae. Como eles estavam estudando engenharia mecânica, conversamos sobre as oportunidades de formar um braço estudantil da Ashrae em conjunto com as universidades em que estudavam e seus professores.”
As coisas começaram a tomar rumo há alguns anos, quando os jovens engenheiros começaram a cooperar com os professores e os membros da Ashrae. Em janeiro de 2014, a divisão estudantil da Ashrae em São Paulo, a primeira no Brasil, foi instituída oficialmente, explicou Lenzi.
“Depois disso, nós temos estabelecido pelo menos uma divisão estudantil por ano. Ano passado, criamos duas”, completou.
Envolvimento atual
Atualmente, as divisões de estudantes da Ashrae – com cerca de 18 membros cada uma – estão localizadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Rio Grande do Sul e Ceará, informou Lenzi. Há planos para mais duas filiais no ano que vem.
As filiais participam de atividades mensais, reuniões, seminários programados regularmente, visitas técnicas, entre outros eventos.
Segundo Lenzi, fora das reuniões programadas, mais de 100 membros estudantis brasileiros, conselheiros e outros integrantes da Ashrae se conectam pelo WhatsApp para se conhecerem melhor.
O aplicativo tem alcançado tanto sucesso entre os membros da Ashrae no Brasil que outro grupo foi criado para incluir os conselheiros da 12ª Região, além de presidentes e os estudantes notáveis que mandam saudações da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Flórida.
O crescimento das divisões de estudantes no Brasil também reflete a prioridade da 12ª Região de recrutar integrantes mais jovens, cujas “ideias novas e inovadoras” podem ajudar a resolver os problemas dentro da indústria, afirmou o membro Ross Montgomery, engenheiro com diversas certificações da Ashrae.
“Os estudantes são a força vital da Ashrae e da nossa região; nosso diretor e chair regional, Dan Rogers, tem priorizado o foco no aumento da participação estudantil e promove esses incentivos durante seus compromissos regionais”, acrescentou Montgomery, que atua em Parrish, Flórida, e é o representante da 12ª Região.
A quantidade de estudantes filiados à 12ª Região teve aumento de 304 membros e 11 divisões estudantis desde 2013.
Até o mês passado, a Ashrae possuía 7.890 membros estudantes e 280 filiais estudantis mundo todo.
Por trás do aumento
De acordo com Lenzi, a necessidade de intensificar a presença da Ashrae no Brasil foi uma das razões para aumentar a participação estudantil na associação.
Mais de 207 milhões de pessoas moram no Brasil, e há apenas uma sucursal (conhecida como “chapter”) da Ashrae no País. Lenzi disse que precisa haver pelo menos seis sucursais no país que incluam 25 estados e o Distrito Federal, mas é preciso de mais líderes para iniciar esses grupos.
“O único jeito disso acontecer é a criação líderes nos braços estudantis para que eles aprendam como organizar e gerenciar um grupo, e no futuro conceber mais sucursais a partir das divisões de estudantes locais.”
Os efeitos da Olimpíada
O Rio de Janeiro sediou os Jogos Olímpicos de 2016, mas o evento mundial não contribuiu muito para elevar a quantidade de membros da Ashrae no Brasil, ponderou Lenzi.
Lenzi, que é presidente da empresa W&R Lenzi, em São Paulo, participou do processo de planejamento da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016, baseado na norma Ashrae/IES 202-2013 – Processo de Comissionamento para Prédios e Sistemas.
Os Jogos Olímpicos afundaram o Rio em dificuldades econômicas, e esse desafio afetou a participação na Ashrae, apontou Lenzi. Depois das Olimpíadas, o Brasil vem vivendo uma crise financeira e política por causa da corrupção, completou.
“Visto que a participação é uma atividade voluntária, ela é difícil por si só, e com a crise no País isso só piora. Mas há alguns membros bem ativos.”
Independentemente das dificuldades do País, Lenzi e outros membros da Ashrae que moram no Brasil e na 12ª Região estão trabalhando para continuar aumentando o envolvimento dos estudantes e a adesão de jovens à Ashrae, para o bem da associação.
“Os estudantes são o futuro de nossa associação, do mercado de nossa indústria e do mundo da engenharia”, destacou Lenzi.