As temperaturas recordes registradas no último verão causaram mais de 61 mil mortes prematuras no continente europeu. É o que aponta um estudo publicado na última segunda-feira (10/7) na revista científica Nature Medicine.
O trabalho foi feito pelo Instituto Barcelona para a Saúde Global (ISGlobal), em colaboração com o Instituto Nacional de Saúde da França (Inserm), e reúne dados coletados entre 30 de maio e 4 de setembro de 2022.
Em termos absolutos, o país com o maior número de mortes atribuíveis ao calor durante todo o verão passado foi a Itália, com um total de 18.010 mortes, seguida pela Espanha (11.324) e Alemanha (8.173).
Ordenado por taxa de mortalidade relacionada ao calor, o país no topo é a Itália, com 295 mortes por milhão de habitantes, seguido pela Grécia (280), Espanha (237) e Portugal (211). A média europeia foi estimada em 114 mortes por milhão de pessoas.
Uma análise por idade e sexo mostrou um aumento muito acentuado na mortalidade nos grupos de idade mais avançada, e especialmente entre as mulheres.
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Até o momento, o maior índice de mortalidade na Europa foi registrada no verão de 2003, quando ocorreram mais de 70 mil mortes prematuras.
“As temperaturas registradas no verão de 2022 não podem ser consideradas excepcionais; elas mostram que o aquecimento acelerou na última década”, comentou Joan Ballester Claramunt, primeiro autor do estudo e pesquisador do ISGlobal.
“O fato de mais de 61 mil pessoas na Europa terem morrido de estresse térmico no verão de 2022, mesmo que, ao contrário de 2003, muitos países já tivessem planos de prevenção ativos, sugere que as estratégias de adaptação atualmente disponíveis ainda podem ser insuficientes”, disse Hicham Achebak, pesquisador do Inserm e do ISGlobal e último autor do estudo.
Alerta contra a crise climática
Se o aumento das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) continuar, 70% da população em diversos países necessitará de ar-condicionado até 2050, conforme uma pesquisa do Harvard China Project, localizado em Nova York (EUA), publicada no ano passado na Energy and Buildings.
O estudo aponta que a crescente frequência de ondas de calor irá impulsionar a demanda por sistemas de climatização, especialmente em países em desenvolvimento e entre indivíduos de baixa renda.
Em cenários de altas emissões, a necessidade de climatização pode chegar a 99% da população urbana na Índia e na Indonésia, 96% nos EUA e 92% na Alemanha.
Em comparação, atualmente, 90% da população nos EUA tem acesso a sistemas de ar condicionado, enquanto apenas 9% na Indonésia e 5% na Índia têm. O estudo adverte que o aumento da demanda pelo produto pode sobrecarregar as redes de energia, levando a falhas no abastecimento.