Já ouviu falar em erro de paralaxe? É aquele efeito ótico que faz uma pessoa enxergar meia-noite no relógio da parede, enquanto outra vê um horário acima ou abaixo, dependendo de sua localização no recinto.
Quando tal fenômeno ocorre na interpretação do ponteiro de um manômetro de baixa, as consequências podem ser muito mais graves do que, simplesmente, fazer alguém queimar na largada dos cumprimentos no réveillon.
O professor Anderson Oliveira, nosso colaborador contumaz, preparou até um vídeo a respeito, mostrando três possibilidades diferentes de medição, dependendo do ângulo em que seja feita a leitura do instrumento.
No exemplo demostrado por ele, o R-134-a no interior do sistema precisaria de -6 psi ou 6 polegadas de mercúrio de pressão para ter a saída desejada, ou seja, a -37 °C.
Mas, com o equívoco na medição provocado pelo erro de paralaxe, haveria o risco de uma regulagem gerar 11 graus a menos ou até 22 a mais.
Para frisar a gravidade de algo assim, Oliveira cita a importância existente no transporte e armazenamento das vacinas contra covid-19 disponíveis hoje no mundo.
Os laboratórios fabricantes recomendam um range entre -20 °C e 8 °C entre transporte e armazenamento, sendo que, no momento da aplicação, a vacina precisa estar entre 2 °C e 8 °C, sob pena ter seu efeito comprometido.
Leia também
- Baixa qualificação aumenta riscos de acidentes no mercado de splits
- Você sabe fazer o teste de continuidade corretamente?
- Rússia enfrenta debandada de empresas de refrigeração e ar condicionado
Para se chegar a estes valores de temperatura de conservação, os sistemas de refrigeração por compressão de vapor utilizam fluidos refrigerantes halogenados que devem estar em uma determinada temperatura de evaporação.
A detecção de tais valores se dá por meio de um manômetro de baixa que, no caso das áreas de refrigeração e climatização, utilizam diferentes escalas de pressão (kgf/cm2, kpa, bar) e de temperatura (°C, °F).
“Quando um equipamento está trabalhando em uma determinada pressão, o fluido se encontra com uma temperatura igualmente específica”, explica o professor.
Evitando o problema
Conceitualmente falando, Anderson lembra que, na física, toda medida possui incertezas, motivadas tanto pelo estado da ferramenta e da forma como ela é manejada.
Combinados ou não, tais fatores podem gerar um grau de desvio perigosamente distante do parâmetro inicial, como mostrado no vídeo mencionado no início.
O observador do manômetro deve sempre estar num ângulo que proporcione a interpretação mais correta possível. Até mesmo o fato de olhar lateralmente o ponteiro pode acarretar a interpretação equivocada da pressão e, consequentemente, originar falha na conversão da temperatura.
A forma mais correta de ler e interpretar um manômetro ou conjunto manifold, de acordo com o especialista, é estar num ângulo (reto) de 90° em relação ao ponteiro do instrumento.
Assim, com o olhar perpendicular para a ferramenta, a leitura pode até sofrer um pequeno desvio, mas nada que comprometa em demasia a conversão da temperatura de evaporação.
Pronto, agora você está mais preparado ainda para compor uma dupla perfeita, como o seu velho e bom manômetro no dia a dia.