Em meio a dois novos focos de legionelose nos EUA, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, declarou na quinta-feira (2) que a empresa de telecomunicações Verizon não seguiu as regras destinadas a impedir a propagação da Legionella pneumophila, bactéria causadora da doença respiratória.
A acusação da procuradoria estadual está fundamentada numa investigação em andamento sobre torres de resfriamento instaladas em todo o estado americano.
“A Verizon falhou na manutenção de suas torres de resfriamento em edifícios em toda a cidade de Nova York, fazendo com que elas espalhassem a doença dos legionários, uma forma perigosa e letal de pneumonia”, disse James em um tuíte.
Até o momento, o surto matou duas pessoas e infectou pelo menos outras 24 na região do Bronx. Alguns doentes estão hospitalizados. Os casos estão concentrados no bairro de Highbridge, onde o primeiro deles foi registrado em 3 de maio, segundo a Secretaria de Saúde do município.
“É essencial que empresas como a Verizon tomem as medidas necessárias para evitar a propagação dessa doença”, salientou a procuradora-geral num comunicado à imprensa, ressaltando que um compromisso de ajuste de conduta firmado pela companhia “protegerá a saúde pública dos nova-iorquinos e retardará a propagação da doença dos legionários”.
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O comunicado explica que “as violações identificadas em edifícios de propriedade da Verizon incluíram supostas falhas em testar amostras de água de torres de resfriamento para Legionella e outras bactérias, falhas em tomar ações corretivas apropriadas em resposta a resultados de testes positivos e falhas na limpeza, desinfecção e inspeção” das instalações.
A investigação descobriu que, desde 2017, houve pelo menos 225 supostas violações de leis municipais e estaduais em 45 edifícios da Verizon em todo o estado. De acordo com a procuradoria, a empresa mantém e gerencia essa infraestrutura por meio de empreiteiros e fornecedores do segmento.
Como parte do acordo firmado com as autoridades, “a Verizon adotará políticas e procedimentos oficiais para garantir a conformidade total e contínua com a legislação sanitária e pagará uma multa de US$ 118 mil pelas violações”, valor que será usado “para financiar projetos que previnam, reduzam, mitiguem ou controlem a poluição do ar ou seus impactos na saúde”.
Comunidades afetadas
Segundo a procuradoria estadual de Nova York, “as torres de resfriamento são consideradas uma fonte significativa de exposição pública à doença dos legionários. Se elas não forem mantidas e monitoradas adequadamente, podem proporcionar um ambiente ideal para o crescimento da Legionella e podem infectar comunidades próximas”.
“A doença dos legionários continua sendo uma presença mortal em todo o nosso estado, particularmente em comunidades de baixa renda e comunidades de cor”, alertou Letitia James.
Entre 200 e 800 casos da doença dos legionários são diagnosticados no estado de Nova York a cada ano, embora o número real de infecções possa ser maior, pois muitos casos não são diagnosticados ou não são notificados.
Nos últimos meses, a cidade de Nova York viveu uma série de surtos de legionelose. O Bronx já havia experimentado um surto em 2015 que adoeceu 127 pessoas e causou pelo menos 12 mortes.
Após o surto daquele ano, tanto o estado quanto a cidade adotaram leis destinadas a impedir a proliferação de Legionella em torres de resfriamento e exigiram que os proprietários de edifícios aderissem a um conjunto de requisitos de segurança, manutenção e controle, com penalidades civis por não conformidade.