Verdadeira praga nacional, a cultura do improviso – a popular gambiarra – tem cobrado um alto preço da sociedade brasileira nos últimos tempos. Isso não tem sido diferente na indústria de climatização e refrigeração.
Boas práticas, normas e procedimentos de segurança são descaradamente desrespeitados por boa parte das empresas e dos profissionais do setor em seu dia a dia. Na outra ponta, o Estado também faz vistas grossas.
O incêndio no centro de treinamento do Flamengo, que matou dez jovens atletas do clube fluminense e feriu gravemente outros três, é exemplo patente desse descaso criminoso.
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Nas comunidades profissionais na internet, o que se nota é um número crescente de relatos de quedas de escada, explosões de compressores, choques elétricos, intoxicações e ferimentos causados por produtos químicos, entre outros acidentes.
O baixo nível de qualificação da mão de obra, a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e o uso de ferramentas, insumos e outros materiais de péssima qualidade são uma das principais causas da maioria dos acidentes laborais, apontam especialistas.
Nos últimos anos, muitos curiosos – os famosos “penduradores”, “mexânicos” e “pedrecistas” – invadiram o setor, reclamam os profissionais devidamente qualificados, salientando que esse processo causa o aviltamento dos preços dos serviços.
O resultado está aí: instalações fora de padrão, muitas vezes ineficientes e perigosas, e pessoas gravemente feridas ou mortas. Nem o presidente da República, Jair Bolsonaro, escapou dos gambiarreiros.
As unidades condensadoras mal instaladas na casa do político no Rio de Janeiro chamaram a atenção dos refrigeristas em novembro, durante a transmissão de uma entrevista coletiva com o então presidente eleito.
Entre os defeitos da “pendurada” apontados à época pelos profissionais do setor, estavam a falta de acabamento nos furos na parede, tubulação malfeita e mangueira do dreno cortada.
Enfim, um típico exemplo da cultura da gambiarra que assola o País e põe em xeque a qualidade do serviços e, muitas vezes, a segurança da população todos os dias.