A maioria dos técnicos em refrigeração precisará elevar seu nível de conhecimento acerca dos procedimentos de segurança para a realização de serviços em equipamentos abastecidos com hidrocarbonetos (HCs) inflamáveis, como o propano (R-290) e o isobutano (R-600a).
Em função da eliminação dos hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e do alto potencial de aquecimento global (GWP, em inglês) de alguns hidrofluorcarbonos (HFCs), os sistemas de refrigeração comercial deverão adotar, cada vez mais, fluidos frigoríficos de baixo impacto climático.
Por isso, os técnicos precisarão seguir uma rotina ligeiramente diferente depois de identificar se um equipamento utiliza algum tipo de hidrocarboneto.
E as mudanças começam logo na preparação do serviço. Antes de iniciar seu trabalho, os refrigeristas devem se certificar se o local está adequadamente ventilado. Caso contrário, será necessário fornecer ventilação adicional.
Ter um extintor de incêndio é imprescindível, assim como um detector de gás inflamável ligado antes de entrar no ambiente. Este dispositivo deve permanecer ligado durante todo o processo e ser desligado apenas depois do término do serviço.
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Além disso, os técnicos devem estar conscientes de que os cortadores de tubos, e não os maçaricos, são o método de desmontagem recomendado para os sistemas que contêm algum HC.
Da mesma forma, os profissionais do setor precisam ser especialmente cautelosos e diligentes ao usar um maçarico para “selar” as extremidades do tubo de processo. Purgar o sistema com nitrogênio é igualmente essencial para garantir que nenhum hidrocarboneto permaneça nele.
A ventilação durante o transporte de fluidos refrigerantes inflamáveis também exigirá novas formas de pensar. Isso também poderá requerer algum um aviso de segurança alertando sobre esses materiais inflamáveis em seus veículos.

Para os sistemas com R-600a, os técnicos terão de estar cientes de que a pressão de baixa durante a operação será no vácuo. E os técnicos devem ter muito cuidado para não introduzir ar no sistema sob essas condições.
O ar nos sistemas com hidrocarbonetos aumenta a pressão e introduz a umidade, que cria ácidos. Enfim, ele é muito danoso para os equipamentos do gênero.
A boa notícia é que as pressões e as temperaturas de trabalho dos HCs são muito semelhantes às do R-134a.
Entretanto, os técnicos devem estar conscientes de que os compressores de refrigeração tradicionais não podem ser adaptados para trabalhar com o R-290, por exemplo. Os compressores devem sair de fábrica com componentes aprovados para este refrigerante.
Nenhuma adaptação pode ser feita com segurança, alertam os especialistas, pois todas as peças e componentes elétricos de um compressor de R-290 precisam ser selados.
Para lidar com hidrocarbonetos, também é recomendado colocar próximo do local de trabalho algum aviso indicando “Perigo: gás inflamável”.
Por fim, os fluidos refrigerantes inflamáveis devem ser mantidos em recipientes projetados e construídos adequadamente. Em caso de vazamento, é previso evitar sua dispersão para outras áreas.
Para saber mais sobre o assunto, consulte o manual “Orientações para uso seguro de fluidos frigoríficos hidrocarbonetos“, do Programa Brasileiro de Eliminação de HCFCs (PBH).