
Tal constatação encontra-se em artigo do Engineering Danfoss, publicação da multinacional dinamarquesa que focou, em sua edição de agosto, a importância dada hoje por investidores e pelo próprio consumidor à redução de Gases de Efeito Estufa (GEE) nas grandes redes supermercadistas.
No Brasil, o tema ESG – Ambiental, Social e Governança – na tradução para a nossa língua – ganhou força em 2005, quando a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) lançou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
Desde então, empresas locais de capital aberto passaram a ser analisadas com base em critérios ESG, aspecto que já pesava bastante em outros países, na hora de alguém resolver investir em determinada companhia.
Naquela época, contudo, dificilmente aqui ou lá fora alguém, nem mesmo no mundo da ciência, poderia imaginar o rigor e a velocidade com que evoluiriam o aquecimento global e os extremos climáticos dele resultantes.
Com isso, as temperaturas também subiram nas discussões sobre o assunto, fazendo os olhares se voltarem a todos os segmentos com o poder de evitar, o quanto antes, novos danos ao planeta.
Em recuperação
No caso específico do HVAC-R brasileiro, temos publicado exemplos frequentes dos bons frutos gerados pela parceria entre governo, agências implementadoras estrangeiras e empresas locais.
Os supermercados também são um personagem de grande importância nisso tudo, dado o volume de fluidos refrigerantes de alto Potencial de Aquecimento Global (GWP, na sigla em inglês) que ainda circula pelos seus sistemas de frio.
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Não por acaso, a primeira das estratégias comentadas pela publicação da Danfoss, em resposta às crescentes pressões globais, refere-se à redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) na refrigeração de supermercados.
Além da substituição gradual de produtos como R-404A e R-507A, lidera a lista a transição para refrigerantes de baixo GWP em equipamentos novos e existentes, bem como a tarefa de reduzir ao máximo os vazamentos desses fluidos.
Recuperação e reciclagem de refrigerantes; redução das cargas; aprimoramento nos processos de operação e manutenção; busca constante por alta eficiência energética e, por fim, recuperação de calor e eletricidade de baixo carbono, integram as prioridades citadas no texto.
Alentos
Mas não se pode negar a existência de motivos para otimismo ao longo da desafiadora jornada de evitar que previsões sobre um aumento da temperatura média mundial, entre 1,5°C e 4°C até o final deste século, se concretizem.
Pelo menos no HVAC-R, onde há décadas assistimos à derrocada gradativa dos Clorofluorcarbonos (CFCS), estando hoje os Hidroclorofluorcarbonos (HCFCs) e HFCs (Hidrofluorcarbonos) em rota semelhante, agora com ênfase no menor GWP dos fluidos refrigerantes aplicados no setor.
Além disso, o papel de liderança setorial exercido pelos supermercados, conforme destaca o artigo da Danfoss, cria a oportunidade única de causar um impacto significativo nas mudanças climáticas, via redução nas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Outro alento importante para as aflições em torno do assunto reside no fato de quase 100 grandes redes de varejo alimentício global já terem assumido compromissos na esfera da Science Based Targets Initiative (SBTi).
Nada disso, porém, permite ao mundo do HVAC-R e todos os segmentos que dele compram, a exemplo do gigantesco varejo, baixar a guarda nessa grande luta que, ESG à parte, é responsabilidade de todos nós.