Quem ainda condena ar-condicionado por defeito em placa eletrônica tem bons motivos para rever tal comportamento e, com isso, prolongar não só a vida útil dos aparelhos, como também de um componente vital dos sistemas Inverter, que já se substituiu como quem troca lâmpadas e baterias.
São muitas as razões para se refletir a respeito, começando pelo bolso do cliente, se estendendo pela dificuldade que muitos profissionais afirmam vir enfrentando para encontrar placas novas e, por fim, o maior valor agregado pelo profissional ao resolver o problema do cliente gastando menos tempo e dinheiro.
O aspecto financeiro reside no fato de uma placa que custe R$ 1.000,00, por exemplo, requerer de 30% a 40% disto para ser consertada, além poupar o proprietário de investir o dobro disso ou mais na aquisição de uma nova máquina.
A questão da rapidez no atendimento também é fácil de entender, pois ao invés de percorrer as revendas de peças em busca de um item nem sempre disponível, o técnico repara a placa defeituosa, concluindo assim um ganha-ganha que muita gente, dos dois lados do balcão, já percebeu.
Depoimentos
Embora não considere generalizada a falta de placas no mercado, Erinaldo Santos, da Automateck, está entre os refrigeristas sem motivos de arrependimento por restaurar esse tipo de componente vital, por exemplo, nos splits Inverter e outros eletrodomésticos da linha branca.
“Apenas 5% dos defeitos nas placas eletrônicas decorrem dos microcontroladores, que são os chips hoje difíceis de achar”, diz ele, lembrando que os demais não sofrem a dependência deste item, cujo sumiço ele atribui ao histórico domínio dos chineses no campo das patentes.
Rafael Prediger, da Refrigeração Preditec, concorda e tem feito dos reparos um diferencial competitivo a mais para a sua empresa, localizada na gaúcha Lindolfo Collor.
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“É uma maneira do teu orçamento ser mais barato do que o da concorrência e tu acabas tendo um lucro líquido maior do que colocando uma placa nova”, justifica.
Na paulistana Equipe 3, o técnico Giliarde da Silva Mota também aposta na vantagem de reparar placas eletrônicas, ainda mais que elas vêm se tornando menos complexas.
“Estão vindo cada vez mais compactas, no estilo SMD, e isso evita que se dê ‘PT’ (perda total) precocemente em uma placa que pode perfeitamente voltar a funcionar como antes, se for reparada com itens paralelos de boa qualidade hoje disponíveis”, analisa.
Curso específico
A conveniência, sob vários aspectos, de se reparar placas antes jogadas no lixo sem a menor cerimônia, quando não o próprio aparelho que as abrigava, já tem reconhecimento arraigado no setor.
Que o digam os professores Roberto Messias e Marcos Rogério de Lima, cujo curso “Inverter na Prática” é um dos vários ministrados exclusivamente via EAD (Ensino a Distância), por onde já passaram cerca de 2,5 mil alunos do Brasil inteiro, e até de outros países.
“Noventa por cento dos profissionais que hoje reparam placas eletrônicas foram alunos do Roberto”, orgulha-se Rogério, cuja formação de eletrotécnico também compartilha com o sócio.
Iniciada com vídeos no Youtube em 2014, complementados pela comercialização de DVDs a partir do ano seguinte, em 2017 a iniciativa pioneira bem-sucedida chegou ao formato atual, isto é, com cerca de 450 aulas gravadas e sete encontros anuais das turmas que, no momento, reúnem 1.073 alunos.
Rogério endossa as vantagens apontadas pela grande maioria dos refrigeristas que abraçou este campo e acrescenta a questão da sustentabilidade, tendo em vista não haver tanto descarte de placas eletrônicas quando há quem saiba e se disponha a repará-las.
“Os críticos dessa prática ou não têm conhecimento suficiente do assunto ou já tiveram alguma má experiência na área”, diz ele, ressaltando ser um campo vasto a ser explorado pelos profissionais do HVAC-R e da linha branca.
“É um segmento altamente escalável, considerando-se o grande número de aparelhos Inverter hoje existentes no mercado”, conclui o professor, para quem os equipamentos on-off tendem a cair cada vez mais em desuso.