A história da técnica em refrigeração e climatização Marilon Barbosa, 27, é similar à de muitos jovens brasileiros que buscam uma oportunidade no mercado de trabalho.
Natural de Barra do Piraí, no Vale do Paraíba Fluminense, e criada em Seropédica, na região metropolitana do Rio, ela entrou no setor em 2014 após receber um “empurrão” da irmã, que a alertou sobre uma seleção para jovens aprendizes em mecânica de refrigeração na Álamo Engenharia.
Seu primeiro contato com o mercado se deu em 2014, quando foi aprendiz de mecânico de refrigeração, com a realização de curso de 828 horas e estágio com a mesma duração.
“No início, achei estranho, pois não tinha familiares nem conhecidos que trabalhassem nessa área”, conta a profissional sobre a nova fase da vida iniciada seis anos atrás.
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Passada essa etapa, passou pela empresa Update como auxiliar de refrigeração em trabalhos realizados na Procuradoria Regional da República da 2ª Região do Ministério Público Federal. Hoje, atua na OAM, prestando serviços para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e a Hoya Optotal Lab. Quando possível, também faz serviços autônomos.
Formada mecânica de refrigeração pelo Senai-RJ em 2016 e técnica em refrigeração e climatização pela Escola Técnica Centro Rio, neste ano, Marilon especializou-se em equipamentos self contained.
Compactos e de médio porte, esses aparelhos unem os dois conjuntos mecânicos no mesmo gabinete – o evaporador e o condensador.
“Entrei no mercado do frio porque vi uma oportunidade de aprendizado remunerado e decidi aproveitar. Como costumo dizer, a refrigeração me escolheu, mas não imaginava que ela mudaria a minha vida”, lembra.
Primeira mulher a ministrar aulas de refrigeração no Senai-RJ, Marilon afirma que tem percebido o mercado mais receptivo às profissionais mulheres, e quanto maiores a qualificação e a busca por aperfeiçoamento contínuo, mais chances de conseguir uma boa colocação.
A técnica participa de grupos no Facebook e no WhatsApp, destacando nesse segundo aplicativo o grupo “Elas no AVAC-R”, formado só por mulheres, que entre outros assuntos debate o assédio e o preconceito aos quais, infelizmente, essas profissionais ainda são submetidas.
“Com o passar do tempo, aprendi a me esquivar dos assédios, sempre com bom humor, na medida do possível. Sobre preconceito, tudo o que foge do padrão causa estranhamento. Sofro preconceito por ser mulher, assim como homens sofrem por seu tipo físico, por exemplo”, diz.
“Uma vez fui a uma oficina que anunciou uma vaga, e o dono ficou mudo, depois gago, pois nunca tinha visto uma mulher na área da refrigeração”, recorda.