É consenso que, quanto maior a economia de energia elétrica, menor será o preço que pagamos por ela, assim como o impacto ambiental negativo gerado. Além disso, há uma demanda global crescente para redução do consumo energético e a refrigeração representa cerca de 15% desta fatia.
Por isso, já não bastam pequenas melhorias no dia a dia para poupar esse recurso, são necessárias mudanças significativas na forma como equipamentos de refrigeração que integram residências e ambientes comerciais são projetados.
Só para se ter uma ideia, o uso da geladeira representa 20% do consumo total de energia elétrica de uma residência, segundo estudo de demanda energética realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2016.
É com base nessa conta e na necessidade mundial de redução do consumo energético que a Embraco desenvolveu, há 20 anos, a tecnologia Fullmotion, de velocidade variável, um exemplo claro de como a companhia usa a pesquisa para tornar suas soluções mais eficientes.
Desenvolvida inicialmente para o mercado de refrigeração residencial, mais recentemente a tecnologia passou a integrar o portfólio da empresa para o segmento comercial.
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“Olhamos a refrigeração sob a perspectiva do consumidor, que deseja seus alimentos bem conservados, e redução na conta de energia no fim do mês. É isso que pretendemos entregar: uma experiência de refrigeração com alta tecnologia e que ajuda a economizar”, exemplifica Dietmar Lilie, pesquisador-mestre da Embraco e um dos principais nomes por trás da tecnologia Fullmotion.
A solução foi a primeira da indústria de refrigeração a apresentar a tecnologia Inverter que faz com que o compressor adapte sua capacidade de acordo com a necessidade de resfriamento do freezer ou geladeira. O inversor eletrônico interpreta as oscilações de temperatura dentro do gabinete e envia sinais ao compressor para mudar sua velocidade e alcançar a temperatura desejada de forma mais rápida e eficiente.
Segundo Dietmar, essa tecnologia revolucionou o mercado porque otimiza a capacidade de refrigeração de acordo com a necessidade do refrigerador, o que reduz o consumo de energia em até 40%, dependendo do sistema de refrigeração que será aplicado. Além disso, a solução melhora a preservação dos alimentos, que ficam melhor conservados devido a menor oscilação de temperatura. “Isso proporciona muito mais qualidade de vida às pessoas”, resume o pesquisador.
Outra vantagem é o baixo ruído, quase imperceptível, que chega a níveis parecidos com o de uma biblioteca. Isto porque os compressores com esta tecnologia trabalham a maior parte do tempo em baixa rotação.
Economia de energia
O Fullmotion é fruto de dez anos de pesquisa na Embraco, desde o depósito da primeira patente, em 1989, até o seu lançamento. Trata-se da solução que elevou os parâmetros da indústria de refrigeração global na busca por mais eficiência energética, conforto e melhor conservação dos alimentos – demandas dos segmentos doméstico e comercial no Brasil e no mundo.
A Embraco vem aumentando cerca de 5% no ganho de eficiência energética entre cada geração lançada: do primeiro modelo – o VEM – até um dos mais recentes – o VESF – houve uma melhora de 32% no consumo de energia do compressor.
Para melhor ilustrar a economia de energia gerada, a Embraco fez as contas: somou todos os compressores Fullmotion vendidos nos últimos 10 anos e chegou a uma economia de energia equivalente a 9 bilhões de KWh, quando comparados a compressores convencionais. Essa quantidade de energia poderia abastecer, por exemplo, toda a Croácia durante seis meses.
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A tecnologia também foi a primeira a permitir o uso de refrigerantes naturais, revelando o pioneirismo da Embraco ao adotar estes fluídos, que contribuem com o aumento da eficiência energética no sistema de refrigeração e geram menos impactos nocivos ao meio ambiente.
No segmento comercial, o lançamento mais recente é o FMFT, o primeiro compressor bivolt para refrigeração comercial e um dos mais eficientes do mundo na sua faixa de capacidade. Voltado aos segmentos de varejo, médico e restaurantes, reduz em até 30% o consumo de energia e, por ser bivolt, atende a diferentes regiões do Brasil e do mundo, mesmo em situações de instabilidade na rede elétrica.
Pesquisa global
A pesquisa para o desenvolvimento da tecnologia Fullmotion é brasileira, conduzida nos laboratórios Embraco em Joinville (SC) – sede da empresa; mas os compressores com a tecnologia Fullmotion Inverter ilustra bem a participação da rede global de laboratórios e engenharia da Embraco no desenvolvimento das soluções: o FMX, por exemplo, é fabricado na planta da Embraco na China, em Pequim, hub para a distribuição da tecnologia para o mercado asiático.
A Embraco continuará lançando compressores Fullmotion inverter em 2018 e 2019, já que a companhia investe continuamente de 3% a 4% da sua receita anual em P&D, mantendo em seu portfólio soluções inovadoras que respondem às necessidades do mercado global.
Segundo a empresa, 59% do faturamento nos últimos cinco anos é proveniente de produtos lançados somente nesse mesmo período. “Praticamos uma inovação centrada nas necessidades dos clientes, o que justifica esse fluxo e a boa receptividade dos nossos produtos em diferentes países”, reforça o diretor de Vendas, Ricardo Bristotti.
Demandas de mercado atendidas
Hoje, a tecnologia Fullmotion está presente em mercados de todo o mundo, principalmente Europa, Japão, China e EUA. A mais nova economia a absorver a tecnologia Fullmotion é a Índia, país que ilustra os esforços da Embraco na massificação do compressor FMX no segmento residencial.
Mas o primeiro cliente a atestar os benefícios do compressor Fullmotion foi a Liebherr, fabricante alemã de eletrodomésticos na década de 1990. A empresa conseguiu, facilmente, transmitir o valor agregado a seus clientes finais.
“A Embraco entendeu que a tecnologia iria trazer benefícios para o negócio do cliente e, por isso, o produto no mercado atendeu as expectativas deles e as rigorosas regulamentações energéticas mundiais”, completa Bristotti.
A tecnologia Fullmotion rendeu à companhia diversos reconhecimentos como o Star of Energy Efficiency, em 2008; e o terceiro lugar no Prêmio Stemmer de Inovação, em Santa Catarina, com o case Fullmotion VESF, em 2017.