
Dólar nas nuvens, SELIC anual a 12,25%, prazos de pagamento encolhidos, inadimplência crescente e, na esfera internacional, mudança de governo em nosso maior parceiro econômico.
Sim, 2025 promete fortes emoções para bolsos de todos os tamanhos, e quem trabalha com refrigeração e ar-condicionado não haveria de ser exceção neste cenário, seja atuando como empregado, autônomo ou empresário.
Os efeitos dessa preocupante combinação de fatores já repercutem em vários momentos do dia a dia de quem compra e vende peças e componentes para o setor, tanto no atacado quanto no varejo.
Estoques mínimos
“A atual conjuntura econômica traz novos desafios às nossas empresas”, diz Edson Girelli, diretor de Projetos da distribuidora curitibana Girelli Refrigeração.
“A alta taxa de juros está jogando todo o mercado de refrigeração e ar-condicionado para longe daquelas vendas 10 vezes no cartão sem juros”, exemplifica o também engenheiro mecânico e professor.

Juntamente com o parcelamento em no máximo três vezes, ele aponta como entrave atualmente aos negócios a diminuição para 30 dias no prazo médio de pagamento.
“Comércio e indústria, por sua vez, estão com estoques cada vez mais enxutos e isso afeta a todos no HVAC-R”, acrescenta Girelli, frisando já haver entregas de determinados itens demorando até 180 dias.
“Na ponta do varejo, os refrigeristas chegam hoje a esperar 45 dias por um compressor e até três meses por um componente eletrônico, produtos dificilmente mantidos em estoque no Brasil de hoje”, acrescenta.
Para esse desabastecimento não se generalizar nos negócios envolvendo refrigeração e ar-condicionado, Girelli defende “uma forte intervenção dos poderes econômicos, de forma cirúrgica, nos segmentos estratégicos para o crescimento do país”.
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A ideia seria motivar importadores e pequenos fabricantes a rever suas políticas de crédito, porque os prazos de pagamento atuais inviabilizam a manutenção de estoques em toda a cadeia.
Com isso, frequentemente a fatura vence antes mesmo da venda de produtos e serviços, afetando fortemente o fluxo de caixa de empresas e profissionais da área, nestes tempos de industrialização local em baixa e importações em alta.
Por isso, segundo o empresário, apenas os aletados, “e olhe lá”, não estão correndo o risco de desabastecimento ainda maior, como já ocorre com ventiladores, compressores, componentes eletrônicos, eletromecânicos e mecânicos, que têm a importação como obstáculo extra, frente ao dólar caro do momento.
O que fazer?
Em meio a tudo isso, pedir um sinal significativo antes de realizar um serviço de refrigeração ou ar-condicionado tornou-se insuficiente para afastar o risco de o profissional ter prejuízo, ao invés do desejado lucro após atender um chamado.
Achar que “ganhou limpo” por um determinado trabalho sem fazer os devidos cálculos é uma das armadilhas a evitar, adverte Girelli, já que o dinheiro faturado hoje também tem a ver com o próprio futuro do técnico.
Confira a seguir outras dicas dele para quem pretende manter-se competitivo:
- Mantenha, na medida do possível, um estoque de segurança para evitar aborrecimentos de falta de material nos fornecedores, principalmente, no caso de itens vitais de uso recorrente
- Receba do cliente sempre antes de pagar pelos equipamentos, evitando assim que eventuais pagamentos atrasados possam gerar juros e afetar o capital de giro do seu negócio
- Cuidado redobrado com as ferramentas, pois hoje é comum uma simples bomba de vácuo valer mais de 6 mil reais
- O mesmo se aplica à depreciação do automóvel, pois o profissional precisa considerar no seu preço o desgaste do carro, conhecida fonte de gastos com manutenção e troca
- Mantenha o otimismo, pois tudo passa, e parece já termos chegado ao ponto mais alto desse processo. Em suma, a tendência agora são as coisas melhorarem, principalmente para quem mantiver as boas práticas na execução do seu trabalho e na gestão do seu negócio.