Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), nos EUA, desenvolveram um sistema de refrigeração evaporativa forçada de baixo custo, reaproveintando um contêiner de transporte usado, para a preservação de frutas, legumes e verduras em regiões áridas.
A ideia de usar fluxo de ar forçado, em vez de passivo, para resfriar os alimentos surgiu da colaboração entre Leon Glicksman, do Programa de Tecnologia de Construção do MIT, e o engenheiro de pesquisa Eric Verploegen, do MIT D-Lab.
Após estudar as opções de armazenamento a frio existentes e realizar pesquisas com agricultores no Quênia, eles conceberam a ideia de usar a ventilação adiabática dentro de um contêiner usado.
O sistema de refrigeração opera com ventiladores que puxam o ar externo quente e seco através de um painel úmido e poroso para dentro da câmara, que tem capacidade para armazenar 168 caixas de produtos.
O ar frio e úmido resultante é, então, forçado através das caixas de frutas e hortaliças, sendo direcionado pelo piso elevado até um canal entre o isolamento e a parede exterior do contêiner, onde flui para os orifícios de exaustão perto do topo das paredes laterais.
Seja conectada à rede elétrica ou alimentada por painéis solares, a câmara de ar forçado consome apenas um quarto da energia das câmaras frias com compressores.
- Torres de vento milenares inspiram novos projetos de climatização
- Arqueólogos descobrem “geladeira” em taberna de 5 mil anos
- Síntese direta promete revolucionar produção de fluorquímicos
Além disso, sendo projetada para ser construída em um contêiner usado, o projeto é visto como um excelente exemplo de upcycling – processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade.
Isso não apenas dá uma nova vida ao contêiner, mas também evita a necessidade de fabricar uma nova estrutura, o que economiza recursos e reduz a pegada ambiental da instalação.
Os pesquisadores testaram o sistema em duas localidades: no Quênia, onde pequenas fazendas produzem 63% do total de alimentos consumidos e mais de 50% da produção é perdida na pós-colheita, e na Índia, em condições de clima desértico quente.
Em ambos os casos, os resultados foram encorajadores, conseguindo reduzir a temperatura para níveis que permitem preservar o frescor dos alimentos por vários dias.
Verploegen e a equipe decidiram manter o projeto livre de patente, optando por disponibilizá-lo aos interessados no site do MIT D-Lab, com orientações detalhadas sobre como construir uma câmara de refrigeração evaporativa forçada.
A intenção é alcançar o maior número de usuários potenciais, por meio de parcerias com provedores de armazenamento refrigerado, cooperativas agrícolas, agricultores individuais e governos locais.