Embora o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tenha dito, na quinta-feira passada (29), que o País está preparado para distribuir a recém-chegada vacina da Pfizer, a realidade não é bem assim.
Isto porque esse imunizante precisa ficar armazenado em sistemas de refrigeração capazes de atingir temperaturas entre -80 °C e -70 °C, que só podem ser obtidas em ultrafreezers, equipamentos que os municípios brasileiros não dispõem.
Por causa dessa limitação, o Ministério da Saúde decidiu que as doses serão usadas prioritariamente nas capitais.
As vacinas sairão do Centro de Distribuição Logístico do Ministério da Saúde, em São Paulo, onde há ultracongeladores. Nessas condições, a validade do produto chega a até seis meses.
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Entretanto, os frascos serão distribuídos em temperaturas entre -25 °C e -15 °C, e essa grande diferença para mais na temperatura permite sua conservação por apenas 14 dias.
Por isso, o Ministério da Saúde vai enviar às capitais dos estados e do Distrito Federal as doses em duas fases. Cada uma delas terá 500 mil doses e será referente, respectivamente, à primeira e à segunda doses.
“Os cuidados necessários na hora de refrigerar a vacina são o correto isolamento térmico, o conhecimento do tempo de manutenção da temperatura em cada uma das etapas do processo e a embalagem não danificada”, explica o presidente do Instituto Brasileiro do Frio (IBF), Oswaldo Bueno.
Sem infraestrutura
Antes mesmo da chegada da vacina ultracongelada da Pfizer ao País, os municípios brasileiros já vinham enfrentando problemas para armazenar a Coronavac e o imunizante do consórcio Oxford/AstraZeneca, que podem ser mantidos entre 2 ºC e 8 ºC, faixa de temperatura de uma geladeira comum.
Essa triste realidade está exposta numa pesquisa realizada recentemente pelo movimento Unidos pela Vacina e pela Locomotiva Instituto de Pesquisa.
De acordo com o levantamento, 40% dos municípios brasileiros – a partir de dados colhidos com a participação de gestores da saúde de 5.569 – possuem geladeiras em condições inadequadas para o armazenamento das doses de vacinas contra a covid-19 em seus postos de saúde.
Ainda segundo a pesquisa, 35% das cidades não têm salas de vacinação adequadas e 25% carecem de melhorias na infraestrutura, incluindo a adoção de caixas térmicas para uso nas salas de vacina ou para o transporte dos imunizantes.