Os oito maiores fabricantes chineses de aparelhos de ar condicionado, entre os quais Gree, Midea e Haier, reportaram a produção de 157.920 sistemas de climatização com propano (R-290) neste ano.
A notícia segue a promessa das indústrias feita em outubro do ano passado durante um workshop internacional de tecnologias alternativas aos gases refrigerantes à base de hidroclorofluorcabonos (HCFCs) realizado em Ningbo, na província de Zhejiang.
Na ocasião, as companhias se comprometeram a vender até 31 de julho deste ano 220 mil sistemas divididos no mercado interno com o fluido refrigerante inofensivo à camada de ozônio e de baixo potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês).
Embora os números apresentados pelas empresas estejam abaixo da meta assumida publicamente, os resultados iniciais representam o primeiro passo de um esforço concreto para aumentar a produção de equipamentos de climatização com R-290 no país.
“Parabenizo o governo da China, a associação dos fabricantes de eletrodomésticos e, em particular, as oito indústrias por suas realizações nessa área”, disse Ole Nielsen, chefe da divisão do Protocolo de Montreal da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido).
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“Espero que as lições aprendidas possam facilitar a adoção do R-290 na China e no resto do mundo. A transição para um refrigerante de baixo GWP, combinada com melhor eficiência energética, é essencial para o cumprimento das metas climáticas da Emenda Kigali”, acrescentou.
Segundo os fabricantes, os pedidos de máquinas com o hidrocarboneto (HC) são fruto de aquisições em massa de organizações como escolas ou edifícios públicos. Não houve relatos de compras privadas.
Os aparelhos vendidos possuem cerca de 300 gramas do fluido refrigerante altamente inflamável (A3), carga máxima permitida pela norma de segurança local adotada pela indústria de refrigeração e ar condicionado.
Visando incentivar o setor, o governo lançou um programa especial para apoiar os fabricantes no treinamento de técnicos para instalação e manutenção desses equipamentos.
Desafios restantes
O governo chinês declarou que, juntamente com a associação dos fabricantes, continuará analisando o progresso das vendas de splits com R-290 até que a meta inicial de produzir 220 mil unidades seja alcançada para, em seguida, discutir com as companhias as metas subsequentes e as próximas etapas dessa iniciativa.
No entanto, vários desafios importantes precisam ser resolvidos antes dos avanços. O custo de fabricação de condicionadores de ar que usam R-290 ainda é mais alto do que o dos sistemas que usam o HCFC R-22 e o hidrofluorcarbono (HFC) R-410A. Isso se deve, principalmente, a requisitos de segurança e à pequena escala de produção.
O governo chinês, contudo, está ajudando a compensar os custos adicionais para fabricar aparelhos com R-290, com base no custo operacional incremental padrão (IOC) determinado e financiado pelo Fundo Multilateral para Implementação do Protocolo de Montreal. O padrão do IOC será gradualmente reduzido junto com o crescimento da produção.
Outro desafio está relacionado ao baixo limite carga de R-290 nos ares-condicionados, um fator que restringe o desempenho deles.
Também são necessários mais tempo e recursos para converter toda a cadeia de suprimentos da indústria para operação com gases refrigerantes inflamáveis. Isso inclui armazenamento, transporte, instalação, manutenção e muito mais.
Por fim, as autoridades e representantes do setor reconhecem que a conscientização geral sobre o uso dessas substâncias na indústria precisa melhorar.