A cogeração de energia em caldeiras por meio da queima de biomassa, como bagaço de cana e resíduos sólidos urbanos, é uma fonte renovável e mais limpa do que as usinas termelétricas e com impacto ambiental muito menor do que o das hidrelétricas.
“Neste momento de crise hidroenergética, é uma boa alternativa para as empresas e o País”, salienta Alexandra Rivolta Bernauer, diretora da Bernauer, indústria paulista de ventiladores e filtros industriais.
A empresária revela que, mesmo antes da crise hídrica, o segmento de caldeiras e biomassa vinha crescendo nos últimos dois anos.
“O atendimento a essa demanda já representa quase metade de todo o nosso faturamento”, relata, estimando que esse é um mercado que deve continuar crescendo, principalmente numa conjuntura de risco energético e aumento significativo das tarifas.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a biomassa representa 8,2% de toda a matriz energética brasileira.
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O potencial de geração de biogás no Brasil é estimado em 82 milhões de metros cúbicos por dia, o que significa mais do que o dobro da capacidade do gasoduto Brasil-Bolívia.
Desse total, 56 milhões de m³/d representam volume a ser gerado pelo setor sucroenergético; 20 milhões, pelo aproveitamento de outros resíduos agroindustriais; e seis milhões, do lixo urbano.
Tal volume é equivalente a 115 mil gigawatts por ano, ou 24% da demanda total de energia elétrica, 44% da relativa ao diesel e 73% do gás natural fóssil consumido no Brasil.
Equipamentos
Para o atendimento a essa demanda, a Bernauer fornece dois tipos de equipamentos. O primeiro é o ventilador, que representa cerca de 5% do custo de um sistema de caldeiras para cogeração de energia, mas é diretamente responsável pela sua eficiência e rendimento.
Se não performar, a caldeira perde eficiência e não gera o quanto precisaria, fazendo com que o investimento não seja rentável.
Os ventiladores operam em temperaturas de quase 200 graus Celsius e seus rotores atingem velocidades de quase 350 quilômetros por hora. É um equipamento de altíssima relevância para garantir o bom funcionamento da caldeira e a geração de energia.
A empresa tem mais de cem mil ventiladores fornecidos, alguns deles em plena operação há 60 anos, segundo a companhia.
O segundo equipamento citado por Alexandra é o filtro de mangas, que retira a maior parte do pó e material particulado emitido por qualquer tipo de indústria.
No caso das caldeiras, a alternativa mais antiga a um filtro de mangas é um ciclone, que, além de gerar um consumo de energia maior, tem baixa eficiência.
Uma caldeira de porte médio, utilizando um ciclone, gerará emissão de quatro mil quilos diários de material particulado da queima. São quatro toneladas de material sendo jogado na atmosfera, que se espalha por dezenas de quilômetros.
Os filtros de mangas chegam a ser 100 vezes mais eficientes do que os ciclones. Com sua utilização, a emissão não passa de 40 quilos diários, considerando-se uma eficiência de filtragem de 20 mg por metro cúbico.
Em um ano, a diferença é de quase 1,5 mil toneladas de material em uma única caldeira. “A substituição do ciclone, portanto, é medida importante para ampliar o uso de caldeiras para queima de biomassa e geração de eletricidade sem agredir o meio ambiente”, explica Alexandra.