Poderoso símbolo da interferência nociva dos seres humanos no meio ambiente, o buraco na camada de ozônio atingiu seu menor nível desde 1988. A informação foi divulgada na última sexta-feira (3) pela Agência Aeroespacial dos EUA (Nasa).
Registrada em setembro, a extensão máxima do buraco em 2017 foi de 19,6 milhões de quilômetros quadrados (2,5 vezes a área continental dos EUA), enquanto o seu tamanho médio desde 1991 foi de 26 milhões km².
O estudo, realizado por meio de monitoramento extensivo da Nasa e da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), usou uma combinação de informações de satélite, balões meteorológicos e observações no solo.
A camada de ozônio é uma área na estratosfera terrestre que contém concentrações relativamente altas deste gás. O buraco nesta camada foi oficialmente detectado apenas em 1985, de acordo com a Nasa.
À época, havia receios generalizados de que o esgotamento do ozônio estratosférico poderia levar a um aumento considerável de casos de câncer de pele, causar sérios danos à agricultura e outros problemas ambientais.
Nos últimos anos, a tendência de recuperação desta camada de gás que envolve a Terra e filtra 99% da radiação solar ultravioleta (UV) tem sido atribuída à eliminação de compostos como os clorofluorcarbonos (CFCs), em função do Protocolo de Montreal, aclamado por especialistas e diplomatas como o tratado ambiental mais eficaz do planeta.
Quando os CFCs chegam à estratosfera, os raios UV quebram sua molécula, liberando o cloro. Em seguida, o cloro reage com os átomos de oxigênio presente no ozônio e quebra a molécula de ozônio.
Entretanto, “a menor extensão do buraco na camada de ozônio em 2016 e 2017 é devido à variabilidade natural, e não um sinal de cura rápida”, ponderou a Nasa.
Segundo a comunidade científica, o fato está associado às condições climáticas quentes e instáveis na estratosfera antártica, bem como a temperaturas globais mais elevadas.
“O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida foi excepcionalmente menor este ano. É o que esperávamos, devido às condições meteorológicas na estratosfera da região”, informou o cientista-chefe de ciências atmosféricas do Centro de Voo Goddard Space da Nasa, Paul Newman.
Embora as preocupações com a depleção do ozônio tenham diminuído desde a década de 1990, ainda há muito trabalho a fazer. Os cientistas esperam que o tamanho da ozonosfera sobre a Antártida atinja níveis anteriores a 1980 somente em 2070.