
Quem há algum tempo trabalha com ar condicionado e refrigeração hoje vê fácil: o perfil do HVAC-R e seus profissionais está mudando rapidamente, em função de avanços na área da automação e as promessas trazidas à área pela Inteligência Artificial.
Porém, como todo processo de inovação, o aumento da tecnologia embarcada nas diversas modalidades de condicionamento de ar e refrigeração enseja um misto de oportunidade e desafio, realidade fortemente percebida pelas escolas da área.
Afinal, são elas que, tradicionalmente, fazem a ponte entre o mundo acadêmico e o mercado de trabalho, em parceria com fabricantes em suas respectivas regiões, que mantêm seus laboratórios equipados com a última palavra em componentes, sistemas e aparelhos.
Agora, nesse momento de profunda transformação, não haveria de ser diferente, conforme declaram nesta reportagem professores e dirigentes que acompanham de perto e estendem aos seus alunos cada passo dessa verdadeira revolução que está em andamento no setor.
Novo profissional
Por trás de tantas novidades no HVAC-R existem muitos profissionais ansiosos em conhecê-las e dominá-las, pois logo, logo todo o parque instalado neste campo vai estar mais modernizado ainda.
“As escolas desempenham um papel fundamental nesse processo, pois é necessário treinamento especializado para operar e implementar essas automações”, opina Alexandre Fernando Santos, diretor da ETP – Escola Técnica Profissional, de Curitiba.
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Para ele, o fato de a integração de sistemas de Internet das Coisas (IoT) permitir monitoramento remoto, diagnósticos em tempo real e otimização de desempenho, está transformando a própria maneira como os profissionais atuam.
A título de exemplo, ele cita o caso dos chillers. “Agora eles auto balanceiam a carga de fluido refrigerante. Antes, o profissional precisava interpretar as variações sazonais, como inverno e verão, para realizar o balanceamento frigorífico”, afirma.

O técnico, por sua vez, precisa saber revisar a resistividade de um sinal e compreender as novas tecnologias. “Essa mudança exige que os profissionais se atualizem constantemente, pois a compreensão básica dos equipamentos tradicionais já não é suficiente”, explica.
Luis Gabriel Gesteira, do Campus Salvador do Instituto Federal da Bahia (IFBA), concorda sobre a necessidade de um novo profissional, em meio às mudanças na automação.
“Isso fica muito claro diante dos equipamentos e ferramentas utilizados por nós durante as aulas práticas”, observa o coordenador do Curso Técnico em Refrigeração e Climatização.
Emprego de wifi, manifolds digitais, acionamento remoto, controles inteligentes, ferramentas conectadas com smartphones, funções de cálculo de superaquecimento e subresfriamento automático são recursos bem-vindos, no seu entender.
Mas ressalva: não se pode esquecer a importância da sala de aula para a compreensão dos fundamentos da área. “É nela que reforçamos o conhecimento teórico por trás de toda essa automação”, assegura.

Danilo Máximo, diretor da Escola de Refrigeração CREAR, em Itajaí (SC), igualmente ressalta o papel vital das escolas neste novo cenário, algo que frequentemente se confirma no mercado de trabalho.
Um exemplo emblemático ele considera o de um aluno que viu-se diante de um sistema composto por câmaras de circuito fechado de TV para monitorar as temperaturas de um frigorífico, e ele já conhecia o software ali empregado, o que lhe facilitou muito as coisas.
Nem bem todo o alvoroço provocado pelo crescimento da automação no HVAC-R se estabeleceu e já assistimos à chegada da Inteligência Artificial, que começou na área pela substituição do controle remoto de alguns modelos de split, mas certamente não tardará a mostrar a que veio de fato.
O Blog do Frio estará atento para deixar seu leitor por dentro de mais esta revolução prometida para breve em nosso setor.
