Um estudo científico publicado neste mês na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences prevê que, até 2075, os oceanos vão lançar na atmosfera mais clorofluorcarbonos (CFCs) do que sua capacidade de sequestrá-los.
Segundo os cientistas, as águas dos mares são um vasto repositório desses poluentes regulados pelo Protocolo de Montreal, tratado internacional que vem banindo a produção e o consumo de fluorquímicos destruidores da camada de ozônio há mais de 30 anos.
Eles explicam que os oceanos absorvem essas substâncias da atmosfera e as ‘puxam’ para suas profundezas, onde podem permanecer armazenadas por séculos ou mais tempo.
Há muito tempo, os CFCs emitidos pelos oceanos são usados como rastreadores para estudar as correntes marinhas, mas seu impacto nas concentrações atmosféricas era considerado insignificante.
Agora, uma equipe do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) descobriu que, de fato, as emissões oceânicas afetam as concentrações atmosféricas de pelo menos um tipo de CFC — o R-11, gás que já foi amplamente utilizado na indústria de refrigeração e ar condicionado.
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Os pesquisadores do MIT prevêem que os oceanos devem reverter seu papel de longa data como um sumidouro para o R-11, emitindo a substância clorada em quantidades detectáveis até 2130.
Além disso, com o aumento do aquecimento global, essa mudança poderá ocorrer 10 anos antes do tempo previsto inicialmente, afirmam os cientistas.
“Geralmente, um oceano mais frio absorve mais CFCs”, explicou Peidong Wang, graduado do MIT e membro da equipe.
“Quando a mudança climática aquece as águas oceânicas, elas se tornam um reservatório mais fraco e também liberam o gás um pouco mais rápido.”
A co-autora Susan Solomon, professora de estudos ambientais do MIT, alertou: “Quando chegarmos à primeira metade do século 22, haverá um fluxo [de CFC] suficiente saindo do oceano, ao ponto de parecer que alguém esteja burlando o Protocolo de Montreal”.
“Essa é uma previsão interessante e espero que ela ajude os pesquisadores a não ficarem confusos sobre o que estará acontecendo no futuro”, acrescentou ela.