Dólar na casa dos seis reais, empresas em compasso de espera frente a um projeto econômico nacional ainda mal digerido, dúvidas generalizadas sobre o equilíbrio fiscal. Estes são alguns motivos que levam o líder setorial a começar com ressalvas sua análise nesta virada de ano.
Ao mesmo tempo, ele aponta razões para achar que aspectos favoráveis novamente devem acabar superando as interrogações econômicas e até mesmo as do próprio HVAC-R, com destaque para o déficit de mão de obra em todos os níveis.
“Nós vamos crescer, aproximadamente, 10% agora em 2024; no ano que vem, no mínimo 8%. E para ser conservador”, diz ele, confiante na continuidade da expansão tanto na refrigeração quanto no ar-condicionado.
Ao explicar tal expectativa, Basile faz um rápido retrospecto. “O represamento dos negócios durante a pandemia, por si só, impulsionou a área da climatização”. Além disso, segundo ele, houve um crescimento natural do mercado.
”A população se deu conta de que o ar-condicionado é parte da solução, e não do problema, devido às suas propriedades de filtrar e renovar o ar, o que aumentou o reconhecimento e respeito ao segmento”, pondera.
Já as ondas de calor que o país tem enfrentado desde o ano passado, Arnaldo afirma vir reforçando a causa primária de toda compra do gênero, ou seja, a busca por conforto térmico.
Lado bom
Contudo, a mesma economia que nos traz incertezas, tem entregado boas boas notícias. “O acesso aos aparelhos residenciais foi facilitado pela queda dos preços e o próprio aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, diante da melhoria no nível de emprego”, pontua Basile.
Paralelamente, na avaliação dele, o crédito também se ampliou e mesmo quem não pode adquirir um split à vista, por exemplo, tem a opção de fazê-lo em várias prestações. “Hoje um ar-condicionado chega a custar menos do que um celular, que dura apenas de 2 a 4 anos”, exemplifica.
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Um outro fator positivo destacado pelo presidente executivo da Abrava é a disseminação das práticas ESG, ou seja, ligadas à preocupação das empresas com as condutas ambientais, sociais, e de governança, até mesmo como forma de atrair acionistas.
Embora seja uma agenda criada pelo sistema financeiro, Arnaldo a considera intimamente ligada a um setor como o HVAC-R, onde a substituição de fluidos refrigerantes nocivos à natureza e a busca constante por maior eficiência energética, têm tudo a ver com toda essa movimentação.
Por sua vez, o ar-condicionado veicular, porta de entrada histórica do setor, continua ajudando, na avaliação do dirigente, “pois ninguém mais aceita carro sem ar-condicionado, após se acostumar com esse conforto no escritório, e a tendência é querer levá-lo para casa”.
No campo dos entraves, porém, ainda falta predisposição em vários edifícios, inclusive novos, para a instalação de ar-condicionado.
”Eu tenho participado de reuniões do Departamento da Indústria da Construção e Mineração (Deconcic), da Fiesp e apresentado esta questão”, acentua.
”Da mesma maneira que as construtoras estão preocupadas em instalar infraestrutura adequada para os carros elétricos, o ar-condicionado também, e nos dois casos é necessária uma revitalização do sistema de energia para suportar essas cargas”, conclui Basile.